por Alessandro Dias
Da redação Tupã, SP- O Partido dos Trabalhadores (PT) e diversas entidades de movimentos sociais e sindicais lançaram um manifesto criticando o pacote de cortes de gastos defendido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O documento denuncia a pressão de setores financeiros e da mídia por ajustes nas despesas obrigatórias e gerou divisões entre os parlamentares da legenda.
Além do PT, partidos da base histórica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como PDT, PSOL e PCdoB, também subscreveram o texto. No manifesto, as entidades afirmam que “os mercados e seus porta-vozes na mídia” utilizam o argumento de uma suposta crise fiscal para justificar cortes que atingiriam programas sociais.
O manifesto destaca que as medidas propostas colocam em risco avanços sociais históricos, como o reajuste real do salário-mínimo, a vinculação de aposentadorias ao piso salarial, o BPC (Benefício de Prestação Continuada), o seguro-desemprego e os pisos constitucionais de Saúde e Educação.
“Cortar recursos de quem precisa do Estado é um retrocesso e uma chantagem que ignora o papel dos investimentos públicos no combate à desigualdade”, diz o texto.
O deputado estadual Emídio de Souza, próximo a Lula e a Haddad, criticou publicamente a postura do partido. “O PT não pode ser oposição ao governo do qual é a base. Nós não estamos no governo, somos o próprio governo”, declarou.
Emídio defendeu que o partido reconheça os limites orçamentários e evite discursos que enfraqueçam as medidas discutidas pelo governo. “Não é razoável que dirigentes sugiram que os ajustes debatidos são caprichos do mercado. Há uma necessidade concreta de equilíbrio fiscal para sustentar as políticas sociais.”
A divergência expõe um dilema interno: como conciliar o papel histórico do PT na defesa dos movimentos sociais com as exigências da gestão econômica de um governo em busca de equilíbrio fiscal. Enquanto uma ala do partido insiste na manutenção de conquistas sociais a qualquer custo, outra aponta para a necessidade de cortes estratégicos.
O racha reflete a complexidade de governar em meio a restrições orçamentárias, mantendo alianças políticas e sociais essenciais para a sustentação do governo Lula.
Fonte: Poder 360; Correio Braziliense; Valor Econômico; Gazeta do Povo; Jornal O Sul;
Foto/Charge: Revista Veja
Para Central Cidade de Jornalismo – Repórter Alessandro Dias
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