
Por- Alessandro Dias
Da redação Tupã, SP – Em 2017, uma imagem emblemática mostrava o líder norte-coreano Kim Jong Un dando carona a um cientista nuclear após supervisionar um teste de míssil. Apesar de parecer uma demonstração de camaradagem, a realidade dos cientistas nucleares norte-coreanos é marcada por condições desumanas e falta de autonomia. De acordo com o relatório “Slave to the Bomb”, publicado em 10 de maio por Robert Collins, um especialista da Península Coreana baseado em Washington, D.C., esses cientistas vivem sob um regime de extrema vigilância e controle desde a infância.
O relatório de 200 páginas, que se baseia em testemunhos de desertores norte-coreanos e materiais confidenciais, revela que o destino dos cientistas nucleares é decidido ainda na infância. A Coreia do Norte seleciona crianças com habilidades excepcionais em matemática e ciências a partir dos dez anos de idade. Essas crianças são recrutadas por unidades administrativas locais e, se se destacam, suas famílias podem ser forçadas a se mudar para que possam frequentar escolas de elite, como a prestigiada escola secundária em Shinwon-dong, Pyongyang.
Os alunos selecionados para o programa nuclear frequentemente ingressam em universidades renomadas como a Universidade Kim Il Sung e a Universidade de Tecnologia Kimchaek. O relatório destaca que uma vez que um cientista nuclear alcança sucesso acadêmico, seu destino profissional é selado, forçando-os a uma vida inteira de serviço ao regime de Kim Jong Un.
Os cientistas nucleares vivem sob constante vigilância e têm suas vidas rigidamente controladas pelo Estado. Suas áreas de pesquisa, habitação, alimentação e até mesmo seus parceiros matrimoniais são decididos pelo regime. Qualquer expressão de insatisfação resulta em punições severas e perda de benefícios. Embora existam oportunidades de estudar no exterior, como no Instituto Conjunto de Investigação Nuclear na Rússia e no Instituto de Tecnologia de Harbin na China, essas oportunidades são raras e altamente controladas.
A qualidade de vida dos cientistas nucleares na Coreia do Norte varia significativamente dependendo de onde eles trabalham. Existem mais de 100 instalações nucleares no país, com cerca de 40 delas sendo instalações-chave que seriam cruciais em qualquer futuro processo de desnuclearização. Os locais de trabalho são frequentemente atribuídos com base no histórico familiar dos cientistas, com o local de testes nucleares de Punggye-ri, na província de North Hamgyong, sendo considerado o menos desejável devido aos múltiplos testes nucleares realizados lá entre 2006 e 2017.
Apesar da percepção de que os cientistas nucleares norte-coreanos são privilegiados devido à importância da energia nuclear para o regime de Kim Jong Un, a realidade é que eles vivem como “escravos da bomba”, forçados a trabalhar incansavelmente sob condições opressivas. A vida desses cientistas é um reflexo do controle absoluto que o regime norte-coreano exerce sobre seus cidadãos, priorizando o desenvolvimento de armas de destruição em massa sobre o bem-estar humano.
Fonte: Cafécomprosa.tv.br
Foto: Reprodução
Para Central Cidade de Jornalismo – Repórter Alessandro Dias
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