Michel Inácio Araújo, morador de Gália, perdeu a perna direita por causa de um acidente de carro, e somente com o esporte encontrou uma forma de bem-estar e de se reintegrar à vida. Paraciclista de Gália (SP) é inspiração em provas de mountain bike Arquivo Pessoal “É como andar de bicicleta, a gente nunca esquece”. A expressão é frequentemente usada como referência a algo que se aprende e nunca é esquecido. Para Michel Inácio Araújo, morador de Gália (SP), subir novamente em uma bicicleta após ter uma das pernas amputadas foi uma lição sobre si mesmo. O paraciclista, de 33 anos, perdeu a perna direita por causa de um acidente de carro, e somente com o esporte encontrou uma forma de bem-estar e de se reintegrar à vida. Mesmo sem uma parte importante do corpo, disputa torneios de bike nas estradas do interior de SP e surpreende quem o acompanha nos percursos cada vez maiores. “O esporte te leva a vários caminhos e, nesses caminhos, a gente encontrou o Michel nos passeios. Um amputado, com uma perna só, dentro de um passeio de ciclismo, com subidas. Hoje, o cara tá deixando a maioria para trás”, comenta o amigo de pedal, Oscar Monteiro. ID 12123179 Atualmente, o paratleta amador disputa competições e acumula vitórias mesmo em duelos contra atletas com as duas pernas. A última delas, foi o 1º lugar na categoria PCD da 7ª Etapa Copa Sudoeste Avaré, no dia 12 de novembro. Para-atleta percorre distâncias que variam de 30 km a 120 km Instagram/Reprodução Nas provas, Michel percorre percursos longos que variam de 30 a 120 km. A maior distância percorrida até hoje foi 180 km, uma superação pessoal. “Foi a minha maior superação até hoje. A evolução é um processo lento, mas com disciplina o resultado vem. No começo, eu fui indo em prova e me classificando na categoria PCD, que é todo tipo de deficiência corre em uma categoria só, sem seleção de tipo de deficiência. Até hoje não tive a oportunidade de correr na mesma categoria de pessoas sem um membro”, conta o paraciclista. Atleta disputa campeonatos de mountain bike no interior de SP Arquivo Pessoal Nova chance As adversidades no caminho, que hoje são curvas, subidas e terra, já foram fisicamente menos exigentes, mas bem mais difíceis de serem superadas. O ciclismo é parte de um recomeço no próprio estilo de vida, é o que o próprio Michel garante. Ciclista de uma perna só, atleta descobriu a liberdade em cima da bike e virou inspiração “Eu era do ‘mundão’, gostava de balada, festa. Hoje vivo minha segunda chance de vida. Então, me superei e fui me adaptando, saindo do hospital fui viver minha vida, um recomeço. Encarei da melhor forma, seguir em frente, me adaptar aos novos hábitos e viver da melhor forma com uma perna só”, relata. E foi no retorno de uma festa que o funcionário de uma fábrica de móveis teve sua vida modificada para sempre, em 2018. Sem vergonha de assumir os erros, Michel relembra os detalhes daquele dia, sem esquecer jamais que ganhou uma chance de recomeçar. “Estava vindo embora de uma festa em outra cidade, e tenho que assumir que estava errado. Estava embriagado, acabei dormindo no volante e capotei o carro. Tive três paradas cardíacas, fiquei 9 dias na UTI”, conta. “Minha perna repassou no freio de mão e no câmbio. Ela quebrou em três lugares e as veia internas foram rompidas. Não chegou ser uma fratura exposta, mas o suficiente para ter que amputar. Eu estava errado em dirigir bêbado, então tenho que assumir o erro, e Deus me deu uma segunda chance de vida”, relembra. Michel Inácio ficou 45 dias internado no hospital após acidente Arquivo Pessoal Foram os 9 dias na Unidade de Terapia Extensiva (UTI) mais 36 dias internados no hospital. Tempo suficiente, segundo Michel, para refletir e recomeçar do zero. “Eu praticamente nasci de novo. Comecei minha vida do zero. Tudo foi adaptado, tudo foi novo pra mim. Tem a parte do membro fantasma, já cai várias vezes até acostumar(…) Vem a muleta, depois próteses. Então eu recomecei do zero”, conta. Michel Inácio compete com outros atletas nas categorias PCD Arquivo Pessoal Adaptado à nova vida, Michel continua ao lado dos companheiros de pedalada em busca de novos desafios e incentiva quem procura no esporte uma atividade para amenizar o estresse e melhorar a saúde. “Procure distrair a cabeça, procure fazer o que gosta, independente da deficiência, se é um amputado ou cadeirante, ou se não tem deficiência. No momento, eu espero poder vencer meus próprios limites e obstáculos, encontrar pela frente provas maiores e o mais importante futuramente ter patrocinadores e se tornar um profissional junto com a minha equipe”, diz. Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília Confira mais notícias do centro-oeste paulista:

Fonte: G1

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18/11/2023 – Rádio Cidade FM