Pais reforçam importância de participar do processo de amamentação: 'Vale cada segundo' | Bauru e Marília


Ao longo dos nove meses de gestação, mães e pais se organizam para a chegada do recém-nascido de várias formas, inclusive em relação à amamentação. Contudo, apesar de comum, a visão de que a responsabilidade do processo é exclusiva das mães está equivocada.

Agosto Dourado é o mês dedicado ao incentivo ao aleitamento e objetiva também incentivar o envolvimento do pai para que o ato seja tranquilo e leve, tanto para a mãe quanto para o filho, já que o período exige compromisso, persistência e dedicação.

Em agosto também é comemorado o Dia dos Pais. Por isso, o g1 conversou com famílias que passaram pela amamentação e reforçam a partilha de soluções como forma de ultrapassar as dificuldades. Afinal, não é só do peito da mãe que depende o sucesso do aleitamento.

É com sorriso no rosto que Jayme Fonseca e Almeida Silva, de 33 anos, se lembra da missão que concluiu ao lado da companheira, Laura Rodrigues Devides, de 30 anos, e cujo despertar para os desafios da paternidade vieram com o primogênito Eduardo, de um ano e cinco meses.

 Bebê do casal de Jaú nasceu com uma alergia à proteína do leite — Foto: Jayme Fonseca e Almeida Silva /Arquivo pessoal

Bebê do casal de Jaú nasceu com uma alergia à proteína do leite — Foto: Jayme Fonseca e Almeida Silva /Arquivo pessoal

O bebê do casal de Jaú (SP) nasceu com uma alergia à proteína do leite. Por várias vezes, Jayme conta que Laura pensou em desistir da amamentação. Entretanto, foi motivada por ele a continuar, mesmo que para isso o casal precisasse se adaptar a uma rotina diferente.

“Foi um período de união para poder proporcionar o melhor para nosso filho apesar de toda a dificuldade que enfrentamos. Tínhamos as opções de desmamar ou continuar e excluir totalmente leite e derivados da nossa rotina. Cortamos o consumo e aprendi várias receitas sem leite”, afirma.

Embora toda a romantização que existe envolta do ato, Jayme lembra que amamentar é exaustivo para a mãe, dolorido até acertar o “pega” do bebê. Nesse momento, o papel do pai é, na opinião dele, fundamental.

“Ninar o neném após a amamentação, atender às necessidades da mãe, dividir essa responsabilidade. Estar disponível e apoiá-la em suas decisões. A rede de apoio à mãe que amamenta começa pelo pai, que é a figura mais próxima dentro da família”, defende.

Com o nascimento de Eduardo, Jayme se dedicou à cozinha, aprendeu a cozinhar e congelar a comida para quando não estivesse em casa ao lado da companheira. Aos oito meses de idade, o casal descobriu que o filho também desenvolveu alergia ao ovo e algumas frutas.

Nesse momento, decidiram desmamar e introduziram fórmulas de difícil aceitação pelo bebê. Por isso, Jayme comenta que, mais uma vez, precisou estar presente. Dessa vez, o pai quem foi responsável por oferecer o alimento ao bebê.

“Outra vez a presença do pai é fundamental, pois a mãe tem um cheiro muito característico para o bebê, que remete diretamente ao leite materno, e dificulta ainda mais a aceitação do bebê pela fórmula”, explica.

Sobre participar do processo, Jayme escolheu a palavra “superação” para definir o sentimento que sentiu durante o período.

“Todos os momentos, apesar das dificuldades, são uma delícia, e poder acompanhar de perto a evolução e desenvolvimento dele vale cada segundo acordado na madrugada”, finaliza.

Laura ressalta que ter Jayme ao seu lado foi, de fato, essencial. Segundo ela, o pai de “primeira viagem” não mediu esforços para cuidar da saúde mental da companheira, já que se preparou verdadeiramente para a entrega e doação, tanto física quanto emocional.

“O Jayme sempre foi muito parceiro, quando o Eduardo era bem pequeno ele estava disponível para me ajudar no que fosse preciso. Enquanto eu amamentava, ele passeava com o cachorro, colocava a roupa para lavar, fazia toda a nossa comida principalmente depois da alergia. Eu sei que amamentei muito mais tempo por causa disso”, se emociona.

Cumplicidade, persistência e amor

Amamentar é parte da vida cotidiana desta mãe, mas não precisa ser sinônimo de isolamento — Foto: Patrícia Santos Prudêncio /Arquivo pessoal

Amamentar é parte da vida cotidiana desta mãe, mas não precisa ser sinônimo de isolamento — Foto: Patrícia Santos Prudêncio /Arquivo pessoal

Por vezes, a mãe enfrenta sentimentos de insegurança, medo e tristeza na amamentação, comuns por conta das alterações hormonais, mudanças do corpo e pressão para nutrir com sucesso o filho.

Amamentar é parte da vida cotidiana desta mãe, mas não precisa ser sinônimo de isolamento. É o caso do casal Roger Augusto Rodrigues e Patrícia Santos Prudêncio, que passaram juntos pelo aleitamento do pequeno Rafael.

“Nos meus momentos de preocupação e insegurança ele estava ao meu lado me tranquilizando e me transmitindo confiança apesar de todas as dificuldades que vivenciamos durante a amamentação. Ele se envolveu, estudou sobre amamentação e até chegou a explicar para outras pessoas da família o que havia aprendido”, comemora.

Patrícia lembra que a postura de Roger fez a diferença para que pudessem vivenciar a amamentação por mais tempo — Foto: Patrícia Santos Prudêncio /Arquivo pessoal

Patrícia lembra que a postura de Roger fez a diferença para que pudessem vivenciar a amamentação por mais tempo — Foto: Patrícia Santos Prudêncio /Arquivo pessoal

Patrícia lembra que a postura de Roger fez a diferença para que pudessem vivenciar a amamentação por mais tempo. Ele compreendeu que o aleitamento não é uma responsabilidade somente materna.

“O sentimento que ficou em mim foi de gratidão porque se eu não tivesse tido o apoio do meu marido, muitos momentos felizes que vivenciamos durante a amamentação não teriam acontecido. E muito mais do que isso, não teríamos sido tão beneficiados como fomos”, destaca.

‘Ele amamentou comigo’

Participação do pai na amamentação quebra as barreiras e dificuldades de adaptação — Foto: Renan Borges Frascarelli /Arquivo pessoal

Participação do pai na amamentação quebra as barreiras e dificuldades de adaptação — Foto: Renan Borges Frascarelli /Arquivo pessoal

Joane Pascon Frascarelli, mãe da pequena Giovana, lembra que ter o companheiro, Renan Borges Frascarelli, ao seu lado foi essencial para continuar a amamentação e evitar o desmame precoce.

“Quando me lembro do começo da amamentação sempre me vem à cabeça o Renan, porque por muitas vezes me vi na dúvida de continuar e ele estava ali, amamentando comigo, segurando minha mão”, define Joane.

Segundo Joane, a participação de Renan nesta fase quebrou as barreiras e dificuldades de adaptação, além de contribuir para a manutenção da sua saúde mental, afinal, amamentar não foi prazeroso o tempo todo.

“Por muitos e muitos dias me ouviu, me acalmou quando eu chorava e dizia ‘vai passar, estou aqui’. Renan foi além do que eu podia imaginar, foi parceiro, incentivador e, sim, ele amamentou comigo”, ressalta.

Amamentar não é tarefa exclusiva da mãe

Mônica Borges de Freitas Valério defende que amamentação não é processo exclusivo da mãe — Foto: Cacá Fotos /Divulgação

Mônica Borges de Freitas Valério defende que amamentação não é processo exclusivo da mãe — Foto: Cacá Fotos /Divulgação

Mesmo não sendo fonte de alimentação, os parceiros têm participação fundamental no processo, desde antes de o bebê nascer. A consultora em amamentação, Mônica Borges de Freitas Valério Mendes, de 31 anos, afirmou ao g1 que o primeiro passo é buscar um bom profissional e fortalecer-se com informações.

“O pai deve buscar bons profissionais junto com a mãe, estar interessado em aprender sobre o processo de amamentação, se preparar para comprar alguns itens do enxoval. Ele pode deixar uma garrafa cheia de água do seu lado ou sempre oferecer quando ela solicitar enquanto amamenta. Incentivar também a ingestão de alguns chás. Observar se ela está tensa, nervosa, com medo. Isso é muito importante. Ele pode ajudar a posicionar o bebê no peito fazendo uma boa ‘pega’”, explica.

O sucesso da amamentação é mais provável quando o pai se envolve. A fase pós-parto, chamada de puerpério, exige e demanda de uma rotina exaustiva, propensa a oscilação hormonal. Por isso, aprender a lidar com isso, segundo a consultora, prolonga o aleitamento.

Consultora em amamentação, Mônica Borges, explica que primeiro passo é buscar um bom profissional e fortalecer-se com informações — Foto: Cacá Fotos /Divulgação

Consultora em amamentação, Mônica Borges, explica que primeiro passo é buscar um bom profissional e fortalecer-se com informações — Foto: Cacá Fotos /Divulgação

E não somente isso. Existem benefícios para os envolvidos na amamentação. Mônica observa que o leite natural é rico em proteínas, vitaminas, minerais e carboidratos essenciais, o que melhora o sistema imunológico do bebê, além de proporcionar economia de gastos.

“Existem muitos benefícios, pois ele vai observar que sua esposa está bem e feliz, assim como o bebê, já que está ingerindo o melhor alimento. Outro benefício é a economia, pois famílias que amamentam exclusivamente no peito economizam com altos valores de lata de leite”, garante.

*Sob supervisão de Mariana Bonora

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Fonte: G1


14/08/2022 – Rádio Cidade FM

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