Claro, como não poderia faltar, com a presença do Papai Noel, mesmo sob um sol de 35ºC, temperatura típica desta época do ano no verão no interior paulista.

No assentamento, moram 236 famílias que vivem em lotes da reforma agrária.

Neste Natal, o casal Anadir da Conceição de Oliveira, de 56 anos, e Wilson Manoel de Oliveira, de 60 anos, distribuiu mais de 200 presentes, com brinquedos, balas e pirulitos, para as crianças da localidade.

Foi a terceira vez consecutiva em que o gesto voluntário partiu do casal, cada uma delas com uma peculiaridade climática diferente.

No Natal de 2019, os presentes foram entregues sob chuva. Em 2020, o tempo estava nublado e havia um misto de sol e chuva. Já em 2021, os voluntários tiveram de enfrentar o sol forte para percorrer cada lote do assentamento durante mais de oito horas seguidas, sem parar, das 8h às 16h30, em busca de uma criança a ser contemplada.

E o resultado não poderia ser mais emocionante e gratificante…

“É uma coisa sem explicação. É gratificante. Você vê nos rostos das crianças e dos pais. Onde tinha uma criança, ela recebeu um presente, com um brinquedo e um pacote de doces. A gente se sente tão feliz com a missão cumprida e agradece a Deus por ter terminado a distribuição. A alegria das crianças é inexplicável e a emoção é grande. A magia do Natal contagia as pessoas”, disse ao g1 neste sábado (25) de Natal a trabalhadora rural assentada Anadir da Conceição de Oliveira.

A arrecadação dos presentes foi feita pelo casal através de pedidos a amigos que moram fora do assentamento e fizeram as doações de brinquedos, balas e pirulitos.

O também trabalhador rural assentado Wilson Manoel de Oliveira, que é o marido de Anadir, vestiu-se de Papai Noel para fazer a distribuição dos kits às crianças.

Com a ajuda de amigos, os voluntários fizeram uma espécie de “trenó” adaptado através de uma carretinha acoplada à traseira de um carro e saíram pelo assentamento adentro para distribuir os presentes, de lote em lote, de casa em casa.

“Eu não tenho condições de comprar os presentes, então, decidimos pedir aos amigos doações de brinquedos e doces. Eu pensei nas crianças daqui. Nós não temos como agradecer àqueles que nos ajudaram. O obrigado nosso é ver o sorriso das crianças. O obrigado nosso é mandar aos amigos que nos ajudaram as fotos da distribuição dos presentes”, contou Anadir.

Ela foi a responsável por pegar os presentes e embrulhar cada um deles antes da entrega para as crianças.

Tudo isso para sair daquilo que a própria Anadir chamou de “zona de conforto”, que esconde o sentido do Natal.

“Nós abandonamos tudo e fomos atrás dos brinquedos. Dentro de casa, na nossa zona de conforto, nós não vemos o Natal. Dessa vez, o sol estava muito forte mesmo, a temperatura estava queimando. Fazemos isso só para ver as crianças felizes. Não tem como deixar passar a alegria das crianças”, salientou a agricultora.

Mãe de três filhos, de 30, 31 e 36 anos, e avó de um neto, de quatro anos, Anadir confidenciou ao g1 que o gesto voluntário da doação dos presentes também a faz sentir-se novamente uma criança.

“Quando termina, a gente já pensa no ano que vem. Eu não vou deixar de fazer isso, enquanto eu tiver saúde e vida. A gente volta a ser criança. A gente vira criança também. É muito amor”, afirmou ela.

Anadir e o marido moram no assentamento há quatro anos e chegaram ao local logo no início da implantação dos lotes da reforma agrária na área da antiga Fazenda Nazaré, que tem 4.643 hectares.

No lote, o casal trabalha com a produção de leite, frutas e mandioca de mesa.