A Secretaria Municipal da Cultura de Marília, em conjunto com diversos artistas visuais atuantes, promoveu, ao longo do ano passado, a instalação de painéis de graffiti, lambe-lambe e stencil, em vários espaços públicos da cidade como a Casa de Cultura “Cristovam Ruiz”, Viela Taia Sam e Beco das Artes, como forma de incentivar o contato da população com a arte e reconhecer o trabalho destes artistas.
Segundo o secretário da Cultura, André Gomes, “essas intervenções artísticas, além de modificarem a paisagem urbana, proporcionam à população uma experiência estética no meio da correria do dia a dia”, explica.
Ainda de acordo com ele, o incentivo ao desenvolvimento do graffiti no município visa ampliar o contato da população com a arte. “Os painéis são verdadeiras galerias a céu aberto, uma vez que estão dispostos em locais públicos”, disse.
Durante o mês de agosto, os artistas Fabio Robal, Jaque e Yasmin Alves (Estúdio Nosotras), Isa, Feio e Jah (Crew “Fat Cap Clan”) realizaram uma grande intervenção artística na Casa de Cultura “Cristovam Ruiz”, viabilizada com recursos da Lei Federal Aldir Blanc – Lei Federal nº 14.014/2020. Também participaram da ação os artistas Gui Lemos, Juliano Agostini e Luigi Cavalieri. A obra composta por seis painéis que utilizaram as técnicas do graffiti, stencil e lambe-lambe, deu nova identidade à Casa de Cultura de Marília, transformando paredes brancas em arte.
No mezanino da Casa de Cultura, o grupo Recreio Urbano, em parceria com o grupo de grafiteiros Crew “Fat Cap Clan”, estampou seus traços e cores nos muros internos da Casa de Cultura de Marília com o tema “O grafite é uma forma de arte viva”.
Além dos painéis realizados com apoio da Lei Aldir Blanc, a obra “O Astronauta” (2019) do artista Jonathan Sprada também dá vida e cor à Casa de Cultura através da arte, além de aguçar a imaginação dos visitantes ao se depararem com a imagem de um astronauta, no espaço sideral, calmamente tocando seu violão.
Os artistas Juliano Agostini, Luigi Cavalieri e Gui Lemos também contribuíram com graffitis que ressaltam a beleza da natureza, as relações humanas e a importância e força dos povos indígenas.
Com o painel de graffiti “O bobo da Corte”, o artista Fabio Robal faz uma dura crítica ao descaso com a cultura no Brasil. Além desse trabalho, o artista também realizou uma oficina com os jovens da Fundação CASA. No encontro, o artista passou aos educandos os conceitos da arte urbana e a experiência prática, na qual os jovens puderam conhecer os materiais utilizados para fazer graffiti e se manifestar através das tintas.
Painel de graffiti “O bobo da Corte”, do artista Fabio Robal — Foto: Marcelo Sampaio
O painel de stencil/lambe-lambe feito pelas artistas do Estúdio Nosotras faz parte do Projeto Ellas, pesquisa realizada ao longo de 2020 que reúne memórias de mulheres inspiradoras, dando destaque às suas biografias e retratos, abordando temas como o combate aos ciclos de violência, visibilidade feminina, feminismo entre outras.
Além das ações realizadas na Casa de Cultura, a Secretaria Municipal da Cultura desenvolveu outras parcerias que resultaram em mais painéis de graffiti pela cidade de Marília.
No mês de setembro, diversos artistas entre eles Jah, Feio, Mariana, Isa e Brain, realizaram uma intervenção na viela da Rua Salvador Salgueiro – a Viela Taia Sam, que envolveu líderes comunitários e teve apoio do vereador Ivan Negão. A ação faz parte do projeto da Casa de Cultura “Atua Quebrada”, que tem o objetivo de incentivar e apoiar as comunidades em transformações artísticas em seus bairros. O painel de graffiti pintado no local deu novas cores e destaca a identidade da comunidade da Vila Barros.
Em dezembro, foi a vez do projeto Beco Resistência, que tem como um dos objetivos a revitalização do Beco das Artes – espaço localizado no viaduto da Av. Ipiranga (altura da R. Rio Grande do Sul). O evento contou com a curadoria da professora, produtora cultural, escritora e slammer, Bruna Motta, que contribuiu com o conhecimento a respeito da identidade negra.
Os graffitis ilustram personagens protagonistas do movimento negro, como a ativista mariliense Artina Maria, importante nome no que se refere ao combate à violência contra a mulher, retratada pelo painel de stencil e lambe-lambe do Estúdio Nosotras.
Segundo os produtores do coletivo, Edgar Espadoni e Kyrieh Ferreira, “o BECO cumpre sua função de Resistência, trazendo arte e cultura de forma democrática e gratuita no espaço mais adequado e visível possível, que é a rua”.