
Os problemas no atendimento ao público das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da Bela Vista e do Ipiranga foram o tema de uma reunião nesta terça-feira (4) entre a prefeitura e a Organização Social de Medicina e Educação de São Carlos (Omesc), que começou a administrar as duas unidades no primeiro dia deste ano.
E logo no primeiro dia após assumir a gestão das duas UPAs, médicos plantonistas que estariam escalados faltaram, o que vem gerando desde então uma série de reclamações de pacientes sobre a demora nos atendimentos nessas duas unidades por falta de médicos.
Nesta segunda-feira (3), a prefeitura notificou a OS por descumprimento de contrato em razão da falta de médicos nas UPAs, e a reunião desta terça foi realizada entre as partes com a participação da nova secretária municipal de Saúde, Alana Trabulsi Burgo. O resultado da reunião foi levado à prefeita Suéllen Rosim (Patriota).
Sobre a demora no atendimento, a assessoria de imprensa da Omesc afirmou nesta quarta-feira que “já esta sendo providenciado o reforço no atendimento na unidade”, e que o “atendimento da população tem sido o objetivo, apesar das dificuldades”.
Prefeitura notifica nova OS por causa de UPAs lotadas em Bauru
Um dia antes, a Omesc chegou a insinuar através de nota que haveria uma espécie de boicote combinado entre os médicos para recusar a escala de plantões.
Na nota, a assessoria da OS admitiu a “ausência de alguns médicos nas unidades” e completou que “embora as escalas estivessem fechadas, alguns colegas decidiram declinar do trabalho por conta de pressões nos grupos profissionais”.
Segundo os vereadores da Comissão de Saúde da Câmara, foi identificado um entrave entre alguns médicos plantonistas que estariam reivindicando o recebimento dos mesmos valores pagos pela Fundação Estatal Regional de Saúde (Fersb), a OS que gerenciava essas duas UPS até o último dia de 2021.
De acordo com os vereadores, a Fersb contratava médicos plantonistas por intermédio de pessoas jurídicas (PJ) e pagava R$ 1,5 mil por plantão. Segundo os parlamentares, ao assumir, a Omesc anunciou uma remuneração de cerca de R$ 1,3 mil e vários médicos não estariam aceitando trabalhar por um valor menor.
A mudança na gestão dessas duas UPAs aconteceu no dia 1º de janeiro, com a prefeitura afirmando que a entrada de uma nova Organização Social nas unidades não iria alterar o número de profissionais que devem atuar.
Na UPA da Bela Vista, segundo a prefeitura, são quatro médicos clínicos no período diurno e três médicos clínicos no período noturno.
Os pediatras são servidores da prefeitura e a gestão da escala dos pediatras é feita pela própria Secretaria Municipal de Saúde.
UPA do Ipiranga começou o plantão de ano novo sob nova gestão com ausência de médicos — Foto: César Evaristo/TV TEM
Na UPA Ipiranga, são três médicos das 7h às 13h, e dois médicos das 13h às 19h e no período noturno.
As UPAs Bela Vista e Ipiranga funcionam 24 horas por dia, ininterruptamente, em todos os dias da semana, assim como as unidades do Geisel/Redentor e Mary Dota.
A mudança aconteceu apenas nessas duas UPAs porque o contrato com a Fundação Estatal Regional de Saúde (Fersb) estava acabando. O chamamento público foi feito para as UPAs Bela Vista e Ipiranga.
Já a UPA Geisel/Redentor o contrato com a Fersb vai até abril. Na UPA do Mary Dota os médicos são da prefeitura.
O problema da falta de médicos e escalas nas UPAs é um problema antigo e já foi alvo de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) na Câmara de Bauru que investigou a relação entre a prefeitura e a Fersb.
Um dos principais pontos destacados no relatório final aprovada em novembro é o destino de uma quantia de cerca de R$ 2 milhões, valor que não foi comprovado pelos documentos entregues à CEI.
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