
Na principal região produtora de uva de mesa de São Paulo, a colheita da variedade niágara está no finalzinho. Os produtores enfrentaram alguns problemas, como atraso da safra e dificuldades na hora da venda. Por outro lado, a fruta está bem docinha.
As parreiras estão carregadas e as uvas estão grandes e bonitas neste fim de safra em Jundiaí (SP). Em um sítio da cidade, são 9,5 mil pés da variedade niágara. A família Tomasetto se dedica às videiras há quatro gerações.
“Antigamente, era tudo café que os italianos plantavam aqui. Depois, eles tinham a uva para fazer o vinho para consumo próprio. Depois, foi surgindo a uva de mesa. O mercado foi aumentando e está até hoje na família o cultivo da uva”, explica o produtor rural Anderson Tomasetto.
Tradição que neste ano deve chegar a 80 toneladas. Anderson vendia grande parte da produção na Festa da Uva de Jundiaí, que neste ano foi cancelada mais uma vez por causa da pandemia.
“A gente sempre mandava uma quantidade de uva para a festa, e consumiam bastante. Esse ano, sem a festa, estamos vendo outro tipo de mercado, mandando para fora, barraca, outros meios de venda fora de Jundiaí também”, comenta.
(Vídeo: veja a reportagem exibida no programa em 13/02/2022)
Produtores de uva concluem safra da uva na região de Jundiaí
Conhecida como a “terra da uva”, Jundiaí tem cerca de 200 produtores da fruta, em uma área que chega a 500 hectares, segundo a prefeitura. A colheita deveria ter começado em novembro, mas o clima atrasou o trabalho dos produtores.
“O período de inverno, que é época de poda, fez muito frio. A gente teve algumas geadas aqui na região. Então, isso interferiu na poda. Alguns produtores tiveram que podar novamente, porque a geada queimou a brotação. Então, o clima fez com que a brotação e o desenvolvimento igualassem. Então, veio toda a colheita da nossa região na mesma época”, explica o engenheiro agrônomo Sergio Pompermaier.
Em outro sítio da cidade, a colheita também está na reta final. Quem cuida de tudo é Fernando Nogueira, que desde os 12 anos trabalha nas plantações de uva.
São cerca de seis hectares, com sete mil pés de niágara branca e rosada. A previsão é produzir 18 toneladas da fruta, mas a colheita também atrasou.
Com a colheita concentrada no mês de janeiro, o mercado não deu conta e sobrou uva no pé. Alguns produtores de Jundiaí perderam a fruta, que nem foi colhida. Só na propriedade de Fernando, cerca de 5% da produção foram perdidos.
“Como a gente não conseguia vender, ela não tinha saída, foi ficando no pé. Ficando no pé, ela vai amadurecendo e chega em um ponto em que ela não aguenta mais. Passa de madura e começa a apodrecer”, diz o produtor.
Mas a maior parte da produção está bonita e pronta para a venda. Para aumentar o lucro, Nilse Marquezin, esposa de Fernando, vende uva fresca direto para o consumidor em uma barraca na rota da uva.
“A gente plantava e colhia para o outro vender para a gente. Então, resolvemos vender nós mesmos. Aí nós optamos em colocar o quiosque na rua e vender a própria uva”, diz ela.
Se o clima fez atrasar a colheita, por outro lado ele também interferiu no sabor da fruta. O tempo seco favoreceu a concentração de brix, que é o açúcar da fruta. Os produtores dizem que a uva está bem mais doce este ano.