Treinos e brincadeiras que desenvolvem um perfil de trabalho que na rotina da Polícia Militar contribui para retirar das ruas bandidos, drogas e armas de fogo, além da atuação em outras ações realizadas pela corporação. É nesta fase de “descoberta” que estão quatro “recrutas” do Canil do 8º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), com sede em Presidente Prudente (SP). Esses novatos têm entre três e cinco meses de vida e atendem pelos nomes de Cairo, Blade, Hanna e Zoe.
Os reforços, da raça pastor belga de malinois, estão sob análise e direcionamento de trabalho. Mas, para eles, tudo é uma brincadeira, conforme contou ao g1 o cabo César Alves da Conceição, que é adestrador e condutor de cães na PM.
Cabo Alves e os filhotes Cairo, Blade, Hanna e Zoe — Foto: Stephanie Fonseca/g1
Tudo começa no “ninho”. Os policiais visitam os candidatos ao estágio e verificam quais têm perfis para cão de polícia. Então, são separados da matilha e levados para o Canil, onde é feito o manejo do cão. “A gente direciona já em forma de brincadeira o que ele vai trabalhar”, disse o cabo Alves.
“No caso do faro a gente apresenta o brinquedo e começa a jogar pra ele trabalhar o olfato, no caso da mordida a gente já vai direcionando com algum brinquedo de mordida macio, que seja prazeroso pro cão. Também tem a parte da busca de pessoas, que paga na ração. A gente faz brincadeiras que ele começa a trilhar e buscar as pessoas, ele faz inconsciente, como uma brincadeira, mas a gente está direcionando pro trabalho”, explicou ao g1 o adestrador.
Filhotes Cairo, Blade, Hanna e Zoe estão em treinamento no Canil do 8º Baep — Foto: Stephanie Fonseca/g1
Atualmente, os cães da polícia podem ser treinados para mais de uma função de trabalho. São elas:
Há também o cão especialista para busca de explosivos, mas essa função demanda “exclusividade”. “O de explosivo é o único que a gente faz individualmente para explosivo, porque é mais minucioso e perigoso. Então, esse cão é específico só pra explosivo”, salientou ao g1.
Então, no decorrer dos treinamentos, ou brincadeiras, o adestrador avalia o desenvolvimento do cão e se ele possui o perfil para todas as funções. “Se o cão apresentar dificuldade em alguma modalidade, fica em três modalidades; se ele apresentar duas, fica duas”, contou Alves.
Filhotes Cairo, Blade, Hanna e Zoe estão em treinamento no Canil do 8º Baep — Foto: Stephanie Fonseca/g1
Sendo dois machos e duas fêmeas, os filhotes ainda têm muitos comportamentos para apresentar, ou seja, ainda é cedo para dizer quais serão suas modalidades de atuação. Mas a expectativa é que eles consigam desempenhar as quatro funções.
“A gente direciona, a gente influencia o ambiente externo, só que tem a parte da genética também que às vezes desenvolve a partir dos oito meses ou até um ano, dependendo do temperamento do cão”, relatou ao g1 o cabo Alves, que deve prosseguir com o adestramento de Blade.
Os outros três filhotes serão distribuídos para trabalharem com outros policiais adestradores da equipe do Canil do Baep.
Filhotes Cairo, Blade, Hanna e Zoe estão em treinamento no Canil do 8º Baep — Foto: Stephanie Fonseca/g1
Conforme indicou o policial adestrador ao g1, hoje, nas Forças Armadas no mundo todo, é de se sobressair o Malinois. “É um cão que serve tanto pra faro como pra policiamento”, explicou. Além disso, a raça apresenta ótimos físicos, resistência, temperamento e rápida aprendizagem.
Mas os policiais também precisam de preparo, e hoje são vários estudos a serem feitos e consultados. Os assuntos percorrem pelo olfato, modo de comportamento do cão, psicologia canina… Tudo que possa ser aplicado nos nossos cães.
Filhotes Cairo, Blade, Hanna e Zoe estão em treinamento no Canil do 8º Baep — Foto: Stephanie Fonseca/g1
“Às vezes as pessoas veem um cão de trabalho e pensam que é desprazeroso”, disse.
“A gente implanta desde novinho pra ser prazeroso quando estiver adulto, então ele vai morder porque ele gosta, ele vai procurar o entorpecente porque ele gosta, mas não gosta do entorpecente, quero deixar bem claro isso, é um brinquedo que não tem odor nenhum, a gente captura esse comportamento de faro e reforça com o brinquedo, o que ele procura ao final, resumidamente, é o brinquedo. Ele sabe que aquele odor que eu estou procurando, que sou seu condutor, ele indica pra receber a recompensa que é o brinquedo”, esclareceu ao g1.
Ainda sobre o odor, Alves lembrou que são utilizados pela corporação materiais sintéticos, que possuem uma pureza melhor para que o cão identifique a partícula de odor. Isso não cria conflito e não tem contato com o odor real.
Filhotes Cairo, Blade, Hanna e Zoe estão em treinamento no Canil do 8º Baep — Foto: Stephanie Fonseca/g1
Filhotes estão em treinamento no Canil do 8º Baep — Foto: Stephanie Fonseca/g1