Todos os dias, a todo momento, realizamos escolhas. Algumas são tão pequenas, até mesmo imperceptíveis, que nem percebemos que houve indecisão naquele momento, como a escolha de um filme, de uma roupa, de algum produto, etc. Já outras, mais complexas, difíceis, nos deixam mais tensos e inseguros. Isso é um comportamento natural.
As escolhas fazem parte da nossa vida. É uma prática que, apesar de corriqueira, são circunstanciais uma vez que as escolhas são feitas sempre em função do momento, da nossa história de vida, das influências familiares, sociais e das condições que estamos inseridos. Claro que nem tudo depende de nós. Muitas vezes a decisão pode estar nas mãos de outra pessoa, como por exemplo, quando somos reprovados no processo seletivo de uma vaga de emprego. Mas, ainda assim, podemos escolher como reagir diante disso.
Entretanto, há pessoas que sofrem diante da necessidade de tomar qualquer decisão, principalmente quando há uma diversidade de opções. Pessoas muito indecisas são inseguras, tem baixa autoestima e, por não confiarem em suas escolhas, se sentem angustiadas quando precisam decidir entre uma ou mais opções. Esta dificuldade pode ser decorrente de alguns fatores como ansiedade, depressão, ou até mesmo ser o traço de personalidade, ou seja, o jeito de ser da pessoa.
Geralmente, pessoas indecisas receberam muitas críticas dos pais na infância, levando-as, posteriormente, a sentirem-se inseguras sempre que estão diante da necessidade de tomar alguma decisão. Pais perfeccionistas, por exemplo, ou com grandes expectativas em relação aos filhos, tendem a critica-los quando estes não tomam a decisão que gostariam. E, devido à falta de incentivo que não tiveram enquanto crianças, na fase adulta podem ter dificuldades para assumir responsabilidades sobre suas escolhas pelo receio de serem criticados.
O medo de decidir também pode ser resultado de uma experiência mal sucedida na vida adulta e que causou um grande impacto negativo, reforçando o receio de errar novamente. Claro que, em casos assim, uma pessoa que tem boa autoestima consegue elaborar a situação e ver como um aprendizado. Diferente daquela pessoa com baixa autoestima, pois a noção de valor que tem sobre si reforça a ideia de que é incapaz de tomar boas decisões.
A psicoterapia é importante, pois possibilita refletir sobre nossas emoções, sobre os valores pessoais e a importância de realizar escolhas por si mesmo, aprendendo a arcar com as consequências, sendo positivas ou negativas.
De qualquer forma, fazer escolhas não é um processo simples, pois sempre implica em renúncia. Não há uma receita universal, mas há algumas sugestões que podem auxiliar
– Não delegar ao outro a decisão da própria escolha, pois cada um escolhe de acordo com suas preferências, valores pessoais, referências e nem sempre vão ao encontro daquilo que de fato seria melhor para si.
– Assumir as próprias escolhas sempre irá frustrar a expectativa de alguém. Ou seja, não dá pra agradar a todos.
– Compreender que, mesmo ponderando, nem sempre iremos fazer escolhas corretas, já que elas são efetuadas de acordo com o momento de vida que estamos atravessando e, portanto, a decisão tomada é sempre a mais adequada para a ocasião. Além disso, as escolhas, mesmo aquelas equivocadas, nos ajudam a, posteriormente, tomar decisões mais coerentes, uma vez que tal experiência tornou-se um aprendizado.
Créditos: Joselene L. Alvim- psicóloga