A conclusão é do estudo intitulado “The distribution and conservation status of Tapirus terrestris in the South American Atlantic Forest” e publicado recentemente na revista “Neotropical Biology and Conservation“.
Os pesquisadores envolvidos alertam para a urgência da implementação de medidas que possibilitem o restabelecimento da conectividade entre as 48 populações identificadas, de forma a viabilizar a conservação da espécie no longo prazo. Conhecida como jardineira das florestas, a anta tem um papel central na conservação da biodiversidade, por ser extremamente efetiva na dispersão de sementes de diversas plantas. Atualmente, a espécie ocupa apenas 1,78% de sua distribuição original no bioma Mata Atlântica (encontrado no Brasil, Argentina e Paraguai), o que representa uma grande ameaça para o maior mamífero terrestre da América do Sul.
As informações são do artigo assinado por Kevin Flesher, pesquisador do Centro de Estudos da Biodiversidade, Reserva Ecológica Michelin, Bahia, e Patrícia Medici, coordenadora da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB), projeto do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), e presidente do Tapir Specialist Group (TSG) da International Union for Conservation of Nature (IUCN), Species Survival Commission (SSC).
Parque Estadual do Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP) — Foto: Fundação Florestal
Entre as áreas estudadas, está o Pontal do Paranapanema, região que abriga o Parque Estadual do Morro do Diabo e a Estação Ecológica do Mico-leão-preto, no extremo oeste do Estado de São Paulo. As matas são moradias de pequenas populações de antas que vivem sob riscos diários, como a caça e o atropelamento.
Conforme relatou ao g1 Patrícia Medici, devem haver cerca de 130 indivíduos dentro dos limites do Parque, que possui uma área “relativamente pequena”, de 370 km². Segundo exemplo da pesquisadora, um incêndio poderia comprometer uma grande parte dessa população de antas.
Mas os riscos não param no fogo. “Se de repente nós nos descuidássemos em relação à questão dos atropelamentos na rodovia que corta o parque e outros fragmentos florestais do Pontal, ou com relação à questão da caça ou a contaminação de agrotóxicos, e esses impactos continuassem, que continuem atuando, existe um risco sim pra que esse animal se extinga na região”, afirmou Medici ao g1.
Medici destacou que os principais riscos para as antas são a caça, o atropelamento, populações pequenas e a contaminação por agroquímicos.
A pesquisadora afirmou que o Tapirus terrestris ainda é caçado para consumo da carne na região do Pontal do Paranapanema. Segundo ela, a anta não é o “preferido dos caçadores”, como a capivara, os queixadas e as pacas, mas “é um animal grande, que quando caçado reverte em bastante carne”. “Então alguns caçadores apreciam essa carne e caçam esse animal”, acrescentou.
Outra ameaça bastante importante, e não somente no Pontal, mas no Brasil inteiro, é o atropelamento desses animais em rodovias.
“Muitos animais já foram registrados na rodovia que corta o Parque Estadual do Morro do Diabo atropelados, e isso traz uma queda populacional bastante significativa, particularmente se a gente pensar que uma parte desses animais, tanto caçados quanto atropelados, possa ser fêmeas em idade reprodutiva, isso acarreta consequências bastante deletérias, bastante ruim pra uma população bastante afetada por qualquer uma delas”, explicou ao g1.
O fato de serem populações pequenas e desconectadas umas das outras também acarreta depauperação genética e perda de variabilidade genética, de acordo com Medici. “Não tem um fluxo entre elas, não são capazes de se encontrar, de se reproduzir; então isso também tem um efeito bastante deletério”, disse.
A agricultura em larga escala na região do Pontal do Paranapanema também entra na lista das ameaças, particularmente o cultivo da cana-de-açúcar. “Com essa agricultura, essa cana, vem toda a gama de agroquímicos que são utilizados em diferentes momentos da cultura, em diferentes estágios do desenvolvimento da cultura, e a gente sabe, pelos nossos estudos aqui no Cerrado no Mato Grosso do Sul, que a anta circula por essas culturas e está exposta a esses agentes químicos e se contamina”, salientou a pesquisadora.
Projeto voltado à preservação da anta (Tapirus terrestris) começou há 25 anos, no Pontal do Paranapanema — Foto: INCAB-IPÊ
A região do Pontal tem um histórico de desmatamento bastante intenso, de cerca de 70 a 80 anos atrás, segundo lembrou Medici. “Foi bastante intensa a perda de floresta por diversas razões, diversos eventos do desenvolvimento econômico da região”, declarou.
Dos eventos degradantes, o Parque Estadual do Morro do Diabo acabou restando como a maior área natural disponível como habitat para as espécies silvestres.
“Mas, mesmo assim, é uma área relativamente pequena pra manter populações que a gente chama de viáveis de uma série de espécies, dentre elas a anta, e bastante isolada de outras áreas de tamanho significativo que possam então contribuir pra um processo de manter essas populações ao longo do tempo, que elas se mantenham saudáveis, que elas se mantenham reproduzindo de forma natural que elas se mantenham viáveis, tanto em termos de números populacionais quanto em termos de genética, sem endogamia, sem cruzamentos entre indivíduos aparentados”, explicou ao g1 a pesquisadora.
Ou seja, populações pequenas desconectadas umas das outras, embora o Instituto de Pesquisas Ecológicas, o IPÊ, faça um trabalho de estabelecimento de corredores para conectar os diferentes fragmentos de floresta do Pontal.
“Essa iniciativa [corredores ecológicos] certamente será benéfica, mas a anta é um animal que precisa de grandes áreas de habitat, ela tem áreas de uso bem grandes, então é um animal que precisa ter dentro da sua área de uso tudo o que ela precisa em termos de comida, água, cursos de abrigo”, indicou Medici sobre as pequenas populações de antas que vivem no Parque Estadual do Morro do Diabo e fragmentos menores ao redor.
Conforme a pesquisadora, a estimativa de 2010 é de que haja cerca de 130 antas no Parque Estadual do Morro do Diabo e mais cerca de 40 a 50 indivíduos distribuídos em pequeníssimas populações nos fragmentos menores espalhados pelo Pontal.
“Nós temos aí cerca de 130, 170, 180 antas na região, porém, vivendo em populações bem menores, separadas, isoladas, desconectadas. Então é realmente necessário esse esforço de reconectar essas populações, de cuidar do que elas vão enfrentar nessas paisagens entre fragmentos, se tem caça, se tem atropelamento, se tem agrotóxico, enfim, pra tentar neutralizar ao máximo as ameaças que ocorrem tanto dentro das áreas naturais quanto nas áreas ao redor, pra que esse animal possa circular de forma segura”, enfatizou ao g1.
Armadilhas fotográficas são usadas nos estudos e monitoramento das antas — Foto: Divulgação/IPÊ
Para preservar e proteger as antas, a medida primordial “é promover, apoiar, dar suporte, fortalecer o sistema de proteção do Parque Estadual do Morro do Diabo e da Estação Ecológica Mico-leão-preto”, de acordo com Medici.
Além disso, é preciso “prestar atenção à questão do atropelamento, manter as medidas de mitigação nas rodovias locais que foram implementadas na década passada em função dos primeiros resultados em função do nosso trabalho de monitorar a rodovia, a SP-613 [Rodovia Arlindo Béttio], que corta o parque”.
“É muito importante que as medidas de mitigação de atropelamento naquela rodovia se mantenham, as placas sinalizadoras, os portais que foram instalados pra sinalizar ‘olha, você está entrando num parque estadual’, os radares de velocidade, enfim, campanhas educativas, gestão com o órgão responsável que é o DER [Departamento de Estradas de Rodagem], tudo o que puder ser feito em termos de medida de mitigação pra atropelamento”, explicou.
Já sobre a caça, Medici colocou que é preciso “ter um sistema de proteção do Parque Estadual do Morro do Diabo e da Estação Ecológica de guardas, de recursos humanos disponíveis pra proteção contra a entrada de caçadores pra coibir essa prática”.
“Isso também precisa estar bastante fortalecido e bastante presente, a gente ter rondas regulares de dia, de noite, localização de cervas de caçadores, enfim, tudo o que possa ser feito pelas equipes de proteção dessas duas unidades”, indicou.
No que diz respeito à conceptividade da paisagem, é importante a continuidade trabalho que o IPÊ faz com a construção dos corredores ecológicos, que conectam os fragmentos de florestas da região do Pontal e, assim, facilitar a movimentação de uma série de animais e plantas, que vão passar através das suas sementes por esses corredores.
“De forma em grande escala, o máximo possível conectar essas florestas e permitir uma maior permeabilidade dessa paisagem; que a paisagem permita que esses animais passem e circulem entre os diferentes fragmentos de mata da região, isso nos ajudar a ter populações mais conectadas por conseguintes maiores e por conseguinte mais aptas a se manterem ao longo do tempo”, destacou ao g1.
A anta (Tapirus terrestris) é vítima da caça e da perda de habitat — Foto: João Marcos Rosa/Arquivo Pessoal
“É imprescindível que a gente proteja, preserve esse animal, porque ela é a nossa jardineira da floresta”, frisou a pesquisadora.
A anta é um dos animais mais eficientes do que diz respeito à dispersão de sementes. “Ela é um animal de grande porte, 200, 250 quilos, ela é vegetariana, herbívora, então ela consome grandes quantidades de material vegetal, particularmente frutos”, explicou.
Medici acrescentou ao g1 que “com esses frutos que ela consome, que ela engole, vão as sementes que passam pelo trato digestivo desse animal e que ela por ser um animal que se desloca a grandes distâncias, ela vai depositar essas sementes através das fezes dela lá longe do lugar em que ela consumiu essa semente, esse fruto”.
“E lá longe ela vai consumir outra semente, ela vai se deslocar pra cá e vai trazer essa semente pra cá. Então a jardineira das florestas ela transporta diversidade, semente de cá pra lá, de lá pra cá, ela brinca com a composição dessa floresta e consequentemente com a diversidade da mesma”, contou.
Desta forma, onde tem a anta executando esse papel de dispersora de sementes no ecossistema, “é uma floresta muito mais diversa do que uma floresta onde esse animal já tenha se extinguido, uma floresta infinitamente menos diversa”.
“Então, a importância está aí, manter a biodiversidade da floresta através desse papel, dessa função ecológica que esse animal tem, de forma a manter as espécies vegetais presentes, a diversidade biológica presente, os serviços ecossistêmicos, manutenção de qualidade da água, manutenção de qualidade do solo, uma série de benefícios que manter a biodiversidade nos traz”, afirmou ao g1 a pesquisadora.
A anta pode pesar até 300 quilos, apesar de ser vegetariana — Foto: Joao Marcos Rosa/Arquivo Pessoal
O g1 também conversou com o pesquisador Kevin Flasher. Ele ressaltou que a espécie pode ser extinta na Mata Atlântica, mas que ainda há populações no Cerrado e Amazonas.
“A espécie em si não está ameaça de extinção, está ameaçada, mas não é eminente, mas na Mata Atlântica a situação é muito mais grave”, destacou.
Flasher já visitou a região em várias ocasiões, sendo a última em 2016, e disse que as atividades do Instituto de Pesquisas Ecológicas, que têm uma presença muito forte, tem viabilizado melhorias para a condição da espécie no Pontal do Paranapanema.
“Como eles estão trabalhando tanto com grandes fazendeiros como com os sem-terra e fazendo projetos de restauração, e conscientização de conservação, acho que a situação lá está melhorando”, comentou.
Para o pesquisador, o risco é menor na região do Pontal e acredita que a população parece estar crescente. Porém, precisa de atenção e manutenção dos cuidados.
“Patricia estimou, calculou que a população tem mais ou menos 150 antas. E se você pensa que a viabilidade demográfica é de 30, então tudo bem, essa população não vai sumir por uma probabilidade de uma geração só nascer com fêmeas ou com machos. Agora, a parte genética é mais preocupante, porque os modelos genéticos agora indicam que você precisa de uma população no mínimo de 200 antas, de qualquer animal, mas 200 antas, nesse caso, para ter uma população viável geneticamente, a longo prazo”, explicou.
Parque Estadual do Morro do Diabo fica localizado em Teodoro Sampaio (SP) — Foto: Prefeitura de Teodoro Sampaio/Divulgação
Conforme Flasher, “a questão da Mata Atlântica hoje não é que as reservas estão sumindo, estão criando mais reservas até na Mata Atlântica, então quase toda mata na Mata Atlântica hoje está protegida de uma maneira ou outra, mesmo sem fiscalização ou coisa assim, mas a mata em si na Mata Atlântica na maioria dos lugares no Estado de São Paulo não está desaparecendo como antes”.
Para exemplificar a questão do problema populacional, o pesquisador citou o ser humano. “Se colocar três pessoas numa ilha e voltar após 100 anos, provavelmente não haverá ninguém naquele local. Mas se você coloca 300 pessoas nessa mesma ilha é provável que em 100 anos ainda haverá pessoas lá”, comentou.
“Então, o problema é justamente esse, é que as populações, a maioria, são muito pequenas e são isoladas, não tem movimento de antas entre as reservas. Esse é o ponto crítico na Mata Atlântica: Como vamos reconectar essas populações?”, declarou ao g1.
E é nesta reconexão que o IPÊ vem trabalhando no Pontal. “O trabalho que estão fazendo com os pequenos agricultores e também fazendeiros é justamente de plantar corredores com árvores nativas para ligar as matas”.
“Então, o projeto no Pontal está nos apontando realmente uma direção certa para ir. Agora a presença do IPÊ é essencial para isso, porque sem eles lá isso não teria acontecido. Mas a questão toda é a reconectividade”, afirmou.
Flasher também destacou outros problemas na conservação da espécie, como o atropelamento. “Não vamos dizer que o bicho mais inteligente do mundo, não é estúpido, mas não há indício que é como o macaco que consegue pensar, raciocinar, então é muito difícil pra eles aprenderem que se atravessam uma estrada vão ser atropelados; eles simplesmente querem uma coisa do outro lado e atravessam”, explicou.
À noite a visibilidade é ruim aos motoristas, que não veem a longa distância e não há tempo hábil para frear a 80-90 km/h ao ver um grande animal na pista.
É também “fundamental” também manter o projeto dos corredores, educação e conscientização ambiental da população, “e trabalhar muito com pequenos agricultores”, porque muito mais fácil pra uma empresa grande falar que vai deixar 20% das terras pra preservação “Para um pequeno agricultor que tá trabalhando com 2 ou 5 hectares de terras é muito difícil ele conseguirem preservar e muitas vezes com pessoas passando fome não caçar. Então é muito trabalho tem que ser feito ajudando pequenos agricultores. Acho que é aí que temos que focar muito esforço para ajudá-los a melhorar economicamente e para trazer uma consciência em favor à conservação”.
“A anta, em si, é muito resistente, é um animal que consegue resistir com quase qualquer coisa, mas caça e atropelamento ele não conseguem resistir justamente pela baixa taxa de reprodução, porque há um filhote a cada 3 anos, e uma gestação de 13 meses antes de parir. Então é muito difícil um animal assim conseguir aguentar muita pressão de caça”, enfatizou.
Mas, em geral, Flasher indicou que vê no Pontal e em outros lugares na Mata Atlântica, “que o quadro está aos poucos melhorando”. “Estamos em fase de começar a melhorar a situação. Estou otimista, em geral. Com cautela, mas estou otimista”, afirmou.
As pesquisas tiveram início intenso e sistemático no Pontal, de 1996 até 2008. Na ocasião foi realizada a primeira coleta de dados, como status de conservação do animal na região no longo prazo, de forma sistemática, em grande escala.
“Muitos animais foram equipados com colares de monitoramento, muitos animais foram amostrados para estudos de genética e saúde. Enfim, neste período de 12 anos nós conseguimos criar, iniciar um banco de dados bastante robusto pra saber, então, o que é esse animal nessa região, como é a anta na região do Pontal e na floresta do Parque Estadual do Morro do Diabo e nos fragmentos ao redor, como ela vive, quais são as ameaças que ela enfrenta, quais são as perdas que nós temos através da atuação dessas ameaças, quantos animais morrem atropelados, quantos animais são caçados ao ano, a cada dez anos”, explicou Patrícia Medici.
Esses resultados de pesquisa, no que diz respeito a impactos de ameaças, auxilia as equipes a tecer estratégias para conservar a espécie naquela localidade.
“Uma outra atividade que a gente realizou agora em 2020-2021 foi uma reavaliação da população no Morro do Diabo. Nós realizamos uma contagem, um censo noturno pra contar os indivíduos presentes no parque, de forma indireta, existe toda uma metodologia pra fazer isso, de forma que a gente possa comparar nossa primeira avaliação publicada lá em 2010 com uma nova avaliação 10 anos depois, 2020-2021. Nós devemos ter os resultados dessa avaliação dentro em breve e a gente vai ser capaz então de olhar pra o que aconteceu com essa população de forma bem detalhada nos últimos 10 anos”, destacou.
Parque Estadual do Morro do Diabo fica localizado em Teodoro Sampaio (SP) — Foto: Prefeitura de Teodoro Sampaio/Divulgação
Patrícia, que é presidente do grupo especialista das antas da IUCN do Tapir Specialist Group desde janeiro de 2000, contou que são um grupo de cerca de 150 pessoas em cerca de 30 países da América Latina, América do Norte, Sudeste Asiático, enfim, do mundo todo, trabalhando pela conservação das quatro espécies de anta presentes na natureza e em condições de cativeiro, como zoológicos e criadouros conservacionistas.
“Na verdade, são todos esforços que fazem parte desse guarda-chuva Tapir Specialist Group, que como grupo dá suporte a todas essas iniciativas, mantém os canais de conservação entre todas essas iniciativas, mantém os pesquisadores trocando ideias, trocando figurinha, pensando nas melhores metodologias pra trabalhar. É um grupo bastante ativo no que diz respeito a esses canais de conversação entre todos os membros. Então, de forma indireta, sim, o grupo especialista das antas atua no Pontal do Paranapanema através do nosso trabalho, através desse esforço que é feito pela INCAB, pelo IPE, o grupo também atua no Pontal do Paranapanema”, finalizou.
O Parque Estadual do Morro do Diabo informou ao g1, por meio de nota da Fundação Florestal, que trabalha com um sistema de proteção da área, com vigilância terceirizada. Existem também pesquisadores no local que auxiliam nas ações de proteção e as armadilhas fotográficas para o monitoramento da fauna, que são uma ferramenta de suporte à fiscalização.
“Nosso sistema de vigilância possui uma rotina de rondas tanto em ambiente terrestre quanto aquático, com embarcação do Rio Paranapanema. Eventualmente, diante de situações suspeitas, os vigilantes podem efetuar abordagens. O Parque também possui um drone que auxilia na fiscalização de locais de difícil acesso”, explicou a Fundação Florestal.
O sistema de fiscalização ainda conta com o apoio da Polícia Militar Ambiental.
Para questões de conscientização, o parque possui uma “longa tradição de programas de educação ambiental junto aos visitantes, incluindo realização de eventos e atividades com a comunidade”.
“A principal campanha realizada para fins de conscientização e prevenção de atropelamentos de fauna é o Pedágio Ecológico na Rodovia Arlindo Béttio, que cruza o parque. A campanha, realizada pela equipe da UC [Unidade de Conservação] e parceiros, como a Polícia Rodoviária, consiste em abordar os motoristas que trafegam pelo trecho da rodovia, esclarecendo sobre o limite de velocidade e demais cuidados para se evitar atropelamentos de fauna, bem como, distribuindo material educativo”, finalizou a Fundação Florestal.
Já a Estação Ecológica Mico-leão-preto tem os Agentes Temporários Ambientais (ATAs), que trabalham diretamente no combate aos incêndios florestais, executam atividades e serviços de proteção (como a instalação de aceiros), acompanham as pesquisas científicas na Unidade de Conservação, atuam na manutenção de trilhas e fazem rondas diárias nos perímetros e no interior da Esec para detectar possíveis focos de incêndios, invasões de pessoas não autorizadas ou vestígios de ilícitos, segundo informou ao g1 o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
As atividades de proteção são realizadas nos fragmentos de mata que compõem a Estação Ecológica Mico-leão-preto, que abrange os municípios de Presidente Epitácio (SP), Marabá Paulista (SP), Teodoro Sampaio, e Euclides da Cunha Paulista (SP).
“A presença diária dos ATAs e suas rondas inibem a entrada de pessoas não autorizadas na Esec, bem como as operações de fiscalização dos agentes ambientais do ICMBio, que ocorrem, muitas vezes, com apoio de agentes de outras unidades de conservação”, contou ao g1.
O instituto ainda destacou que barreiras diuturnas são realizadas pelos agentes ambientais federais nas rodovias e estradas que acessam os fragmentos da Unidade de Conservação.
Em relação à conscientização da biodiversidade, até o ano de 2019, em parceria com a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) IPÊ, foram realizadas apresentações aos estudantes das escolas estaduais situadas nos quatro municípios nos limites da Estação Ecológica Mico-leão-preto, sobre a importância da fauna e, principalmente, do mico-leão-preto no Pontal do Paranapanema.
“Ainda, em parceria com o Parque Estadual do Morro do Diabo, são realizadas campanhas de conscientização ambiental dos motoristas que trafegam pela SP-613 (Rodovia Arlindo Béttio), com ênfase no perigo de atropelamentos de animais silvestres, especialmente nos trechos da rodovia que corta as duas unidades de conservação”, esclareceu ao g1 o ICMBio.
De acordo com o instituto, estão em andamento algumas tratativas junto ao DER, sendo:
Ao longo da SP-613 já estão instaladas placas indicativas e de advertência, por exemplo, sobre a passagem de animais silvestres, espécies de animais, velocidade máxima permitida, nome da unidade, divisa de municípios, entre outras, com o intuito de melhorar a visualização dos motoristas.
Já o Departamento de Estrada de Rodagem (DER) informou ao g1, também por meio de nota, que monitora 14 mil quilômetros de estradas em todo o Estado de São Paulo e mantém suas equipes em alerta sobre animais nas pistas.
“Além desse monitoramento, são realizadas ações para evitar os acidentes com animais na pista, como a instalação de sinalização, construção de passagens de fauna, e sonorizadores nas estradas para alertar os motoristas”, relatou.
O DER ainda contou que, em conjunto com a Fundação Florestal e a Polícia Militar Rodoviária, realiza campanhas educativas de preservação ambiental, com entrega de panfletos no Parque Estadual do Morro do Diabo, para conscientizar os usuários sobre a importância do trânsito seguro na preservação do meio ambiente.
De acordo com a nota, “o DER também prevê a instalação de seis pontos de radar ao longo do trecho do PEMD, em ambos sentidos da via”. “A velocidade regulamentada na rodovia é de 70 km/h para garantir maior seguranças e reduzir acidentes”, finalizou ao g1.
Antas são observadas em área de preservação da Mata Atlântica em São Miguel Arcanjo (SP) — Foto: Reprodução/TV Globo