Passageiros reclamam de pagamento em dinheiro e falta de integração entre ônibus do transporte coletivo urbano em Presidente Prudente | Presidente Prudente e Região


Nesta terça-feira (28), os passageiros do transporte coletivo urbano de Presidente Prudente (SP) voltaram a pagar a tarifa de R$ 4,25 para utilizar o serviço. O valor deve ser pago somente em dinheiro, já que o sistema de bilhetagem eletrônica ainda não está disponível.

A cobrança da tarifa foi retomada após o período de “catraca livre”, que se iniciou com a operação da nova prestadora de serviços, a empresa Santa Cecília Turismo (Sancetur), de Paulínia (SP), que atua com o nome fantasia de SOU Prudente.

Atualmente, a SOU Prudente possui 42 veículos no município, sendo que 39 deles atendem 33 linhas, com alguns ônibus de reserva. A partir do momento da assinatura do contrato, inicia-se a operação com 50 veículos, mais cinco de reserva.

Transporte coletivo urbano de Presidente Prudente — Foto: Heloise Hamada/g1

Transporte coletivo urbano de Presidente Prudente — Foto: Heloise Hamada/g1

Na Praça Monsenhor Sarrion, foram várias as situações encontradas pela reportagem do g1. Desde quem não teve problemas, até quem vai ter que arcar com duas passagens, já que não há como fazer integração entre um coletivo e outro sem o cartão.

Márcia Vilela saiu de casa preparada para pagar a passagem em dinheiro — Foto: Heloise Hamada/g1

Márcia Vilela saiu de casa preparada para pagar a passagem em dinheiro — Foto: Heloise Hamada/g1

“Eu sabia que teria a cobrança e seria em dinheiro. Mas, não sabia quando começaria. Ainda bem que eu estava preparada. Paguei o meu e da minha neta, que tem 9 anos. Apesar de eu não ter tido problema, já que eu venho às vezes para o Centro, muita gente estava reclamando. Para mim não teve problema, somente o ar condicionado, que não estava funcionando”, afirmou a dona de casa Márcia Vilela.

“Eu sabia que teria essa cobrança em dinheiro. Só não tive problema porque meu patrão já dá o passe em dinheiro”, disse a auxiliar de cozinha Adriana dos Santos.

Márcia Élcia de Lima, Amanda dos Santos Saladim e Rosângela Cristina Silva Vieira relataram que estavam com o cartão cheio, mas precisaram pagar do próprio bolso a passagem — Foto: Heloise Hamada/g1

Márcia Élcia de Lima, Amanda dos Santos Saladim e Rosângela Cristina Silva Vieira relataram que estavam com o cartão cheio, mas precisaram pagar do próprio bolso a passagem — Foto: Heloise Hamada/g1

A empregada doméstica Amanda dos Santos Saladim disse que hoje precisou pagar a passagem, mesmo com o cartão cheio. Ela havia saído do Parque José Rotta e aguardava o coletivo que segue para a Rodovia Julio Budiski. “Daqui a pouco a gente vai pagar para trabalhar. Não vai ter patrão que aguente isso. A gente corre o risco de ser demitida. Eu me sinto muito prejudicada. Eles precisam colocar o sistema de cobrança pelo cartão o mais rápido possível. Eu pego quatro ônibus por dia, tenho um cartão com R$ 400 e preciso pagar do bolso”, comentou.

“Tenho R$ 350 no cartão. Eu pego quatro ônibus também. Tenho a passagem pra ir, para voltar vai faltar. Eu venho do Jardim Brasil Novo e vou para um condomínio perto da Rodovia Julio Budiski. A situação está péssima. Precisa melhorar isso, porque a gente precisa. Eu pego quatro ônibus por dia, dois de manhã e dois a tarde. Tendo o cartão, a gente faz a integração. Pagando em dinheiro eu só aguento até o final de semana, se a patroa me arrumar o dinheiro. Se ela não me arrumar o dinheiro eu nem sei como vou fazer. Está tudo no cartão”, lamentou a empregada doméstica Maria Élcia de Lima.

“Eu tenho uns R$ 80 no cartão. A gente tem dinheiro no cartão e precisa pagar do próprio bolso para ir trabalhar. Não dá para não aparecer. É complicado. Eu dependo de dois ônibus. Eu moro no Conjunto Habitacional João Domingos Netto e trabalho num condomínio longe. Dependo de dois ônibus de manhã e dois ônibus a tarde. Haja dinheiro. Tinha gente que falou que não tinha como pagar e ficou na frente, onde mal cabe o motorista. Fora a falta de ar. A gente só falta morrer dentro do ônibus”, comentou a empregada doméstica Rosângela Cristina Silva Vieira.

Transporte coletivo urbano em Presidente Prudente voltou a ser cobrado — Foto: Heloise Hamada/g1

Transporte coletivo urbano em Presidente Prudente voltou a ser cobrado — Foto: Heloise Hamada/g1

Em entrevista à TV Fronteira, o secretário de Mobilidade de Urbana, Luiz Edson de Souza, afirmou que há uma orientação para que ninguém seja impedido de embarcar nos ônibus, mesmo sem pagar a tarifa.

A reportagem da TV Fronteira recebeu a reclamação de uma passageira que contou ter sido retirada do coletivo, já que não tinha dinheiro. “Na verdade, não há a situação de expulsão de ônibus nenhuma. Houve um mal entendido entre o motorista e a passageira”, explicou o secretário.

“Nós temos uma recomendação à empresa de que nenhuma pessoa deve ser inibida ou proibida de embarcar ou de ser transportada por conta de não apresentar recurso. Apesar de já ter sido divulgado há mais de uma semana, inclusive as empresas que fazem a aquisição do vale transporte de que isso deve ser pago em dinheiro porque isso é uma fase de transição”, salientou o titular da Semob.

Ele ainda pontuou que o direito dos usuários devem ser resguardados e deu duas orientações em caso de desrespeito. “Ela pode ir ao Procon reclamar contra a Company-Tur [Prudente Urbano] que vendeu os passes, apresentou os passes e não deixou os usuários utilizarem. E o outro é o que o próprio poder público, através da Secretaria de Assuntos Jurídicos está tomando. Já entramos na Justiça com uma ação, pedindo para que a empresa Company-Tur nos informe o que cada pessoa tem, que tipo de passe e qual é o valor para que faça, sim, essa transição a partir do momento em que ocorrer o sistema de bilhetagem nos ônibus que estão atuando em Presidente Prudente”, falou.

Passageiros voltam a pagar tarifa do transporte coletivo urbano

Passageiros voltam a pagar tarifa do transporte coletivo urbano

Sobre um possível retorno do Poder Judiciário, Souza enfatizou que este a resposta, por enquanto, é que este “não é um caso de ser julgado em plantão”. “Então, devemos aguardar o retorno do recesso do sistema judiciário para, assim, eles analisarem este caso. Muito provavelmente depois do dia 10 para fazer essa portabilidade. Mas, por outro lado, a própria empresa Sancetur, que está administrando o sistema de bilhetagem em Presidente Prudente, com a assinatura do contrato, ela já inicia a instalação do sistema de bilhetagem. Vamos seguindo com o sistema de bilhetagem novo, enquanto tratamos essa situação que a Company-Tur deixou sem informação a cidade de Presidente Prudente”, destacou o secretário.

Souza explicou que desde o início da contratação da Sancetur, a empresa está trabalhando para a implantação do sistema de bilhetagem. “Depois que for feita a assinatura do contrato, estabelece dez dias para ela colocar o sistema em ordem. Mas, desde o início, ela já está fazendo o sistema de bilhetagem com a nova metodologia, com a nova empresa, com a nova sistemática. Então, nós vamos cobrando para que eles façam isso no menor tempo possível”, complementou. Contudo, a situação só deve começar a ser resolvida em um prazo de até dez dias a contar a partir do dia 2 de janeiro de 2022.

A respeito da falta de ar condicionado, Souza salientou que o município está acompanhando as queixas feitas pelo telefone 156, da Prefeitura. “Todas as reclamações estão sendo levadas através do 156, nós fazemos auditoria na empresa, alguns ônibus, como foi dito ontem, como já foi informado à sociedade, 20 desses veículos vieram em caráter de emergência. Não são os ônibus que continuarão rodando em Presidente Prudente. Foram ônibus que vieram para atender emergencialmente, serão substituídos a partir da assinatura do contrato. Aí começa valendo todas as cobranças. Mas, todas as reclamações estão sendo atendidas e verificadas e nós estamos fazendo auditoria diariamente na empresa”, finalizou o secretário da Semob.

Reclamações sobre o transporte coletivo podem ser feitas no telefone 156, da Prefeitura, ou na própria Semob, através do número (18) 3908-7011.

Transporte coletivo urbano de Presidente Prudente — Foto: Heloise Hamada/g1

Transporte coletivo urbano de Presidente Prudente — Foto: Heloise Hamada/g1

Transporte coletivo em 2021

O transporte coletivo de Presidente Prudente passou por uma situação caótica no ano de 2021. Greve de funcionários, intervenção municipal e até mesmo a falta do serviço essencial para os usuários foram alguns dos problemas registrados neste ano.

A Prudente Urbano, antiga concessionária que tem a razão social de Company-Tur Transporte e Turismo Ltda., assumiu sozinha em 2018 o serviço de transporte de passageiros por ônibus em Presidente Prudente após vencer a licitação realizada pela Prefeitura em 2017, no governo de Nelson Roberto Bugalho (PSDB). O contrato firmado entre a concessionária e o Poder Executivo tinha a duração de 10 anos e um valor estimado em mais de R$ 400 milhões.

Com registro de reclamações de usuários desde o início da operação, a empresa também passou a ter de lidar com reivindicações de seus funcionários.

Em 16 de junho de 2021, os funcionários da Prudente Urbano iniciaram uma greve parcial devido a desacordos e atrasos nos pagamentos de salários e benefícios. A paralisação, a quarta registrada somente neste ano, só terminou no dia 23 de julho, após a Prefeitura decretar intervenção parcial no transporte coletivo.

No período em que a Prefeitura esteve à frente da administração da Prudente Urbano, foram registradas as apreensões de mais de 50 veículos da empesa, que foram confiscados pela Justiça por conta de dívidas com bancos. Com isso, o serviço foi prejudicado e linhas deixaram de circular.

No início de dezembro, a Justiça determinou o rompimento do contrato entre a Prefeitura e a Prudente Urbano.

Diante desse cenário, o Poder Executivo abriu uma contratação emergencial de uma empresa para assumir o transporte coletivo na cidade.

Transporte coletivo urbano de Presidente Prudente — Foto: Heloise Hamada/g1

Transporte coletivo urbano de Presidente Prudente — Foto: Heloise Hamada/g1

Antes da definição da nova empresa, o município ficou sem o serviço de transporte coletivo nos dias 4, 5 e 7 de dezembro.

Sete empresas apresentaram propostas para operar na cidade e, após a análise técnica, sagrou-se vitoriosa a Santa Cecília Turismo, a Sancetur, que opera com o nome fantasia de SOU – Sistema de Ônibus Urbano. Com sede em Paulínia e outras oito filiais no interior paulista, a empresa foi escolhida pelo critério de menor valor por quilômetro rodado: R$ 7,10.

A contratação emergencial valerá por 180 dias, período em que o município irá viabilizar uma nova licitação para a concessão definitiva do serviço público.

A SOU Prudente começou a operar no município no dia 8 de dezembro, sem a cobrança de tarifa aos usuários nos primeiros 20 dias de circulação dos ônibus.

O contrato entre a Prefeitura e a Sancetur para a prestação de serviços de transporte coletivo de passageiros tem um valor estimado de R$ 7.221.428,24.

Para viabilizar o serviço, o prefeito Ed Thomas (PSB) mandou para a Câmara Municipal um projeto de lei que dispõe sobre a abertura, para o exercício de 2022, de um crédito adicional especial no valor de R$ 7.993.829,34 destinado à contratação emergencial de empresa para operar o transporte coletivo.

O texto foi aprovado pelos vereadores em duas discussões. Foram oito votos favoráveis à aprovação e quatro contrários.

No dia 17 de dezembro, o Poder Executivo publicou no Diário Oficial Eletrônico (DOE) as leis que tratam sobre a destinação de dinheiro público do orçamento municipal para o transporte coletivo urbano.

Transporte coletivo urbano de Presidente Prudente — Foto: Heloise Hamada/g1

Transporte coletivo urbano de Presidente Prudente — Foto: Heloise Hamada/g1



Fonte: G1


28/12/2021 – Rádio Cidade FM

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