Segundo o coordenador do observatório do interior de SP, Rodolfo Langhi, o registro feito pelo recém-inaugurado posto de patrulhamento de meteoros foi um “golpe de sorte”, pois a unidade local conta com apenas uma câmera, que está apontada justamente para a direção norte-nordeste, posição cardeal em relação a Bauru, onde o evento foi registrado.
Segundo Langhi, os dados coletados pela unidade local, que integra a Brazilian Meteor Observation Network (Bramon) ou Rede Brasileira de Observação de Meteoros, vão ajudar na definição do local da possível queda de restos do meteoro.
“Nossa imagem e dados sobre esse evento vão se juntar às informações de outras estações da rede da Bramon, que vai triangular todas as informações para localizar o possível local da queda, para que seja possível ser feita a coleta de restos para estudos. Esses dados e imagens também poderão indicar outras informações cientificamente importantes, como a velocidade com que o corpo entrou na atmosfera”, explica Langhi.
Imagem feita em Bauru será triangulada com diversos registro feitos pela rede da Bramon, como a da estação em Patos de Minas (foto) — Foto: Rede Bramon/Divulgação
O coordenador do ODA explica que o meteoro registrado na sexta-feira entra na classificação de “bólido”, e tem como característica ser um corpo extremamente brilhante, diferente da grande maioria dos corpos que entram na atmosfera da Terra, que têm luminosidade bem menor e que, por isso, são chamados de “estrelas cadentes”.
“Já temos relato, inclusive, da ocorrência de sonorização da entrada desse bólido, que, ao entrar na atmosfera, explode, atinge temperaturas de dois mil a três mil graus centígrados, e vai se despedaçando. A rede ainda faz cálculos para se e onde caíram restos”, diz Langhi.
Observatório da Unesp-Bauru começou a ‘patrulhar’ meteoros e registrou primeira imagem no mesmo dia — Foto: Observatório de Astronomia da Unesp-Bauru/Divulgação
O registro do meteoro foi feito pela estação de Bauru às 20h53 (horário de Brasília), mas imagens divulgadas pela rede da Bramon registram na tela o horário de 23h53.
A explicação é porque a rede Bramon adota o horário padrão UTC (Universal Time), ou horário de Greenwich, para não gerar conflito com horas diferentes devido aos fusos horários de cada estação. O horário de Brasília está três horas atrás do padrão UTC.
O projeto instalado no observatório de Bauru é intitulado “Patricia” (Patrulhamento Investigativo do Céu por Imageamento Automático de Meteoros) e conta com alunas bolsistas e voluntárias de iniciação científica que fazem parte da equipe do observatório.
As alunas Helena Ferreira Carrara e Tainá Bueno de Andrade deverão ser treinadas e receber formação específica para realizar as análises das imagens capturadas dos meteoros com a nova câmera da estação recém-inaugurada.
“A importância desse tipo de equipamento é porque a posição de Bauru é privilegiada no sentido de poder trocar imagens com outras estações localizadas em vários pontos do estado e do Brasil. Esse tipo de monitoramento de meteoros fica mais preciso quanto mais câmeras houver espalhadas. E a nossa região estava carente de um ponto de monitoramento”, explica Rodolfo Langhi.
O patrulhamento dos meteoros pelo projeto “Patricia” acontece com câmeras que funcionam automaticamente, com a ajuda de um software específico, na captura de imagens e vídeos destes fenômenos durante a noite. A rede da Bramon conta atualmente com 93 estações em 20 estados.
No dia em que foi inaugurada, unidade instalada na Unesp-Bauru registrou seu primeiro meteoro — Foto: Observatório de Astronomia da Unesp-Bauru
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