Mulheres que fazem aquilo que sempre desejaram. Mulheres que ocupam as mais variadas funções. Mulheres que são respeitas por seus trabalhos. O trio de engenheiras Natália Costa, Bruna Moreira e Ellen Ferreira já está há um tempo percorrendo a estrada profissional conhecida por ser “dominada” por homens. O caminho não é fácil, mas a cada dia elas vão além, conquistam e dividem os espaços que devem ser de todos, sem distinção de sexo ou de gênero.
Nesta terça-feira (8), Dia Internacional da Mulher, o g1 traz um pouco da história das três profissionais que trabalham em uma empesa de engenharia que tem sede em Pirapozinho (SP) e unidades em Maringá (PR) e Resende (RJ), e que faz o atendimento em diversos segmentos, como industriais, comerciais e hospitalares, por exemplo.
Elas atuam em projetos de inspeção de engenharia, com a elaboração de projetos técnicos e consultoria em normas de segurança.
Engenheira civil Natália Costa é inspetora — Foto: Engetex/Arquivo
Hoje, o quadro de colaboradores é composto por quase 30% de mulheres, que trabalham em variadas funções além da engenharia.
A engenheira civil Natália Costa, de 25 anos, lembra que quando entrou como estagiária eram três funcionárias apenas e mais de dez homens.
“Confesso que assustei. Ficava meio tímida em falar algo ou apontar alguma situação, porém, com o passar dos dias, essa relação ficou muito natural. No geral, os colaboradores nos tratam com muito respeito e empatia, realmente olham para nós como engenheiras”, fala.
Ela conta que, quando escolheu a profissão, já sabia que era uma área “dominada” por homens. Apesar disso, não teve nenhum episódio de discriminação.
“Aqui no escritório não temos dificuldade de lidar com eles, mas, na sociedade, ainda existem muitos homens que não conseguem enxergar que a mulher é capaz, sim, que ela pode ser engenheira, motorista, eletricista. Que ela pode ser o que ela quiser”, destacou.
Natália é inspetora no setor de engenharia mecânica. “Nós temos duas rotinas de trabalho conforme a época do ano. Em parte dela, ficamos em escritórios realizando laudos, memoriais de cálculos, relatórios, entre outros. Já na outra parte do ano, vamos a campo, viajamos a todo o território nacional para atendermos aos clientes”, descreve.
Em campo, o trabalho é pesado. “Fazemos a inspeção em vasos de pressões e tubulações, trabalhamos em altura e em espaço confinado, ou seja, em campo nós subimos, lixamos, carregamos equipamentos pesados, enfrentamos sol e chuva, tudo isso muito felizes, é a realização da minha profissão. Ressalto ainda que para realizar trabalho em altura e em espaço confinado são necessários cursos de capacitação”, comenta.
Da esquerda para direita: Ellen Ferreira, Bruna Moreira e Natália Costa — Foto: Engetex/Arquivo
Outra inspetora é a engenheira de produção Bruna Moreira, de 28 anos. Mesmo sem ter engenheiras na família, ela diz que uma das maiores inspirações foi sua mãe, que desde sempre esteve à frente de seu tempo.
“Empreendedora e independente, me mostrou a importância de sempre ir atrás das coisas, independentemente do cenário em que eu escolheria atuar. E, durante a graduação, sempre tive mulheres fortes, como a coordenadora do curso ser uma mulher, o que nos dava mais motivação para seguir essa carreira”, fala.
Ela começou a sentir a pressão de ser mulher nessa área desde o início.
“Nas entrevistas de emprego, na maioria das vezes, sempre era a única mulher em meio aos homens tentando a vaga para o cargo. Nas entrevistas de emprego, alguns concorrentes me subestimavam e até alguns recrutadores não levavam em consideração alguns apontamentos, ou não davam muito ouvidos para algumas respostas. Em campo, geralmente os operadores só se assustam ao ver uma mulher responsável pela inspeção. Por às vezes ser um serviço considerado mais pesado, eles se assustam, mas logo se acostumam e sempre são muito solícitos”, explica.
Bruna atua na área destinada a máquinas e equipamentos, como a elaboração de laudo e suporte ao cliente.
“Quando temos o período de entressafra, realizo as inspeções em campo dessas máquinas, esse tipo de atividade exige um pouco mais da gente em campo, a rotina pode começar antes mesmo das 6h da manhã e sem hora para terminar”, salienta.
De estagiária a inspetora, ela conta como é ver mais mulheres ocupando funções de destaque na empresa: “Uma grande satisfação. Dá um gás para continuar e almejar planos pra essa carreira”.
Ellen Ferreira já foi inspetora e assistente de projetos e atualmente é analista de projetos júnior — Foto: Engetex/Arquivo
A engenheira civil Ellen Ferreira, de 26 anos, está há seis anos na empresa e também ingressou por meio do estágio. Ela já foi inspetora e assistente de projetos e atualmente é analista de projetos júnior.
“Esse desafio me transformou e me ensinou muito profissionalmente, pois o meu trabalho hoje é gerenciar equipes e executar laudos. Em campo, eu faço de tudo, manuseio equipamentos como lixadeira, subo em locais altos, faço trabalho em espaço confinado e, claro, tudo isso só é possível porque tenho as habilitações necessárias para executar cada trabalho”, conta a engenheira.
Ellen Ferreira já foi inspetora e assistente de projetos e atualmente é analista de projetos júnior — Foto: Engetex/Arquivo
Nos últimos três anos, a empresa afirmou que aumentou em mais de 300% o número de colaboradores, bem como a quantidade de mulheres. Contudo, há dificuldade em encontrar mulheres que atuam na área de engenharia no Oeste Paulista, principalmente a mecânica.
“Só que o trabalho realizado pelas universidades está modificando essa realidade. Acredito que em breve teremos muito mais engenheiras no mercado”, enfatiza o diretor da empresa, Lucas Zarpelon.
Quadro de colaboradores da empresa de engenharia é composto por quase 30% de mulheres — Foto: Engetex/Arquivo
Quadro de colaboradores da empresa de engenharia é composto por quase 30% de mulheres — Foto: Engetex/Arquivo
Quadro de colaboradores da empresa de engenharia é composto por quase 30% de mulheres — Foto: Engetex/Arquivo