Iniciada na década de 1990, a coleção de Brito possui atualmente a quantidade exata de 3.714 latinhas de bebidas. A grande maioria vazia. São tantas, e de tantos lugares, que praticamente poderiam contar a história do mundo em forma de edições e marcas. A paixão é tão grande que as latinhas ganharam um espaço especial na casa do colecionador.

Todas únicas e especiais. A coleção não enche só a parede, mas também o coração de Brito de orgulho.

Ele tinha 14 anos quando ganhou a primeira latinha de um amigo, que já era colecionador. Em meio a tantas, ele sabe exatamente onde está a sua primogênita: uma latinha de cerveja de origem austríaca, de um azul forte e vibrante.

“A partir daquele momento, surgiu toda essa coleção. É uma coleção que é construída a várias mãos. Então, aqui em casa, os filhos, a esposa, os amigos, familiares, colegas de trabalho, quando viajam, tiram foto, mandam perguntando se eu tenho aquela latinha e trazem. Aí a gente vai criando amizades e construindo essa coleção”, falou o colecionador.

No começo, as latinhas eram armazenadas de forma improvisada, mas, agora, integram um mural, em um cantinho especial da casa.

A coleção foi separada por temas. Têm as latinhas de cervejas nacionais, com rótulos bastante interessantes, como o Festival de Parintins (AM), evento tradicional na região norte do Brasil. Tem rótulo especial de Carnaval, diversidade, com diferentes tons de pele. Tem ainda uma sessão só de refrigerantes e outra com latinhas “fora do padrão”, ou muito grandes, ou bem pequenas.

Mas a paixão, que toma conta de Eder, será que também é a mesma da família dele? A resposta é “sim”.

Raquel Rufino da Silva Brito, designer gráfica e esposa do colecionador, também tem muito amor pela coleção.

“Acho lindo. A gente procura juntos. A gente vai viajar juntos, a gente pega ela juntos. A gente pesquisa na internet modelos novos que estão surgindo. Se eu olho um post, eu já mando para ele: ‘Olha, vai sair essa latinha’ . A gente vai ficar esperto. Virou um hobby da família, a família inteira”, contou.

A busca por novas marcas já rendeu muitas histórias. Inclusive, Raquel contou que já teve até de tirar as roupas da mala para colocar as latinhas que encontraram durante uma viagem a São Paulo (SP).

“A gente traz, a gente arruma um cantinho dentro do carro, um cantinho dentro da bolsa. Eu já passei vergonha em restaurante. Eu sozinha chamei o garçom e pedi pra ele trazer a latinha de outra mesa: ‘Não descarta, não, que meu marido coleciona, eu quero levar para ele'”, relembrou Raquel.

Além de contemplar, quem visita a coleção também pode interagir. Plaquinhas, criadas pela esposa de Eder, foram colocadas no local com algumas curiosidades sobre as latinhas que ali estão exibidas.

E, para manter a coleção atualizada, ele participa de grupos e um aplicativo de mensagens, que reúnem colecionadores de todo o Brasil e também do exterior.

“Aquelas latinhas que são mais raras, que são mais difíceis, a gente tem grupos, conversamos com um pessoal de todo o Brasil e vamos trocando, ajudando mutuamente um ou outro colecionador, aquelas que faltam a gente troca, compra, enfim, tem essa amizade entre os colecionadores”, disse Eder Alves Brito.

E, se a cada ano surge uma nova marca e um novo tipo de bebida em lata, quem tem dúvida de que a coleção de Brito vai seguir em constante atualização? Ele garante que sempre haverá espaço e disposição para torná-la ainda mais completa.

“A gente chega até a ter um limitador de espaço, mas não tem jeito. Quando chega no supermercado, quando alguém manda alguma foto, a gente traz para cá. É estilo coração de mãe, quer sempre colocar uma latinha aí no meio, porque tem gosto, é prazeroso para a gente fazer essa coleção”, disse.

O apoio da esposa ele já tem.

“É um hobby nosso. É uma coleção bonita, é muito legal. E eu quero deixar isso para os nossos filhos também”, concluiu Raquel.