A Semana de Arte Moderna completa 100 anos em 2022. O movimento cultural realizado em fevereiro de 1922 será celebrado em Presidente Prudente(SP) com uma programação especial até domingo (13), com pintura de muro e bate-papo com artistas convidados.
Nesta sexta-feira (11), teve início a pintura de grandes proporções em um muro localizado na Avenida Washington Luiz, na altura do Jardim Paulista. A parede, que tem 100 metros de comprimento por 2,50 metros de altura, faz a divisa entre as duas pistas de tráfego de veículos de uma das principais vias de trânsito da cidade. O evento é coordenado pelo artista e professor Itamar Xavier e conta também com a participação dos artistas Strike e Preto TNA, de São Paulo (SP). A intervenção segue até domingo (13).
“Nós temos como referência a Semana de Arte Moderna, mas vamos produzir pensando em homenagear os artistas que fizeram parte do movimento, pensando em comemorar esse momento que é o centenário”, explicou o organizador.
Já neste sábado (12), às 19h, no Centro Cultural Matarazzo, na Vila Marcondes, está marcado um bate-papo sobre a importância da Semana de Arte Moderna no Brasil e suas influências. Participam desta atividade os artistas Joka, Dino, Índio, João Célio, Strike e Preto TNA. O evento será aberto a todos os interessados.
Segundo Xavier, o projeto também inclui a criação das primeiras “empenas” do Oeste Paulista, que serão grafitadas entre os dias 20 e 27 de fevereiro nas paredes laterais dos prédios da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) no Jardim Cobral.
Xavier ainda pontuou a importância do movimento artístico de 1922:
“A gente pode dizer que é o momento mais importante da arte brasileira, é um momento em que a arte se tornou, de fato, brasileira, ela se abrasileirou”, disse.
A Semana de Arte Moderna, evento organizado por um grupo de intelectuais e artistas por ocasião do Centenário da Independência em 1922, foi um verdadeiro marco na história de São Paulo, considerada um divisor de águas na cultura brasileira.
O evento que comemora 100 anos foi realizado entre os dias 13 e 17 de fevereiro, no Theatro Municipal de São Paulo, e financiado pela oligarquia paulista.
Foto oficial do grupo da Semana de Arte Moderna: Mário de Andrade, de terno escuro e óculos, está à esquerda — Foto: Reprodução Casa Mário de Andrade
O festival incluiu exposição com cerca de 100 obras, aberta diariamente no saguão do teatro, e três sessões noturnas de apresentações de literatura e música.
Influenciados pelo fim da Primeira Guerra Mundial e pelas vanguardas europeias, os organizadores propunham o rompimento com a arte acadêmica e o compromisso com a independência cultural. Também lutavam pela valorização de uma arte “mais brasileira”.
Apesar de ter provocado irritação e algazarra no público presente por suas visões, a Semana conseguiu revelar novos grupos, artistas e publicações, tornando a arte moderna uma realidade cultural no Brasil.
Entre os artistas de destaque estão: Anita Malfatti, Di Cavalcanti, John Graz, Vicente do Rego Monteiro, Victor Brecheret, Mário de Andrade, Graça Aranha, Manuel Bandeira, Heitor Villa-Lobos, Guiomar Novaes, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia.
Cartaz criado por Di Cavalcanti para simbolizar a Semana de Arte Moderna de 1922, em SP — Foto: Reprodução