Em algum momento de nossas vidas, situações nada agradáveis acontecem conosco ou com alguém que amamos. Elas podem surgir de diversas condições, desde dificuldades de relacionamento, insatisfação profissional, até as mais extremas, como a perda de um ente querido. É comum nestes casos ficarmos tristes, sem que isso instale um quadro de depressão. Ou não.
Identificar a depressão, principalmente no início, nem sempre é fácil. Apesar dos números alarmantes em relação ao seu desenvolvimento na sociedade, os mitos e preconceitos ainda são muitos. A falta de informação faz com que a maioria das pessoas associe a depressão apenas à tristeza. Mas há diferenças marcantes.
A tristeza é uma emoção que expressamos diante de situações do dia a dia. É claramente identificada e nos causa algum tipo de sofrimento. Geralmente é passageira, pois assim que a situação é resolvida, a tristeza acaba. Na depressão, além da tristeza, que neste cenário é profunda e duradoura, há outros sintomas como apatia, perda de interesse na vida, vontade de ficar isolado, exaustão crônica, insônia, além do sentimento estar aliado à uma visão pessimista sobre tudo. O depressivo tem uma visão depreciativa sobre si mesmo, além de considerar que o mundo está contra ele e tem dificuldades para reagir.
Num tempo em que tudo é cobrado para ontem, sobra pouco espaço psíquico para elaborar as angústias. Soma-se a isso, vivemos em uma sociedade que privilegia a expressão da felicidade a qualquer custo, haja vista as postagens nas redes sociais. Isso dificulta uma pessoa com depressão a falar sobre o problema e procurar ajuda, pois sente-se culpada por estar assim.
Os sintomas são diversos e podem ter intensidades e expressões diferentes. Nos idosos e nas crianças, por exemplo, são mais comuns as queixas somáticas. Em adolescentes, algumas expressões de comportamento como irritação, passar mais tempo no quarto ou isolar-se de amigos, podem ser interpretadas como algo pertinente a esta fase do desenvolvimento.
Dificilmente a pessoa consegue sair dessa sozinha, pois a doença diminui a energia e o interesse pela vida. Apesar dos inúmeros estudos científicos, há quem diga que é a depressão frescura e a pessoa está assim porque quer.
Por isso, familiares e amigos têm papel fundamental na identificação dos indícios do estado depressivo, baseado nas alterações de comportamento para, assim, encaminha-la a um profissional especializado. Só que nem todos aceitam o tratamento de imediato, pois há muita resistência, sendo mais fácil justificar que tudo vai passar.
O fato é que, o caminho para reverter os sintomas não está na busca de soluções mágicas. É necessário comprometimento tanto no tratamento medicamentoso quanto no psicoterápico, que possibilita a investigação das raízes do distúrbio e formas diferenciadas de lidar com as dificuldades da vida.
É importante salientar que todos nós, independentemente da idade, raça ou religião, estamos sujeitos a ter depressão. Porém, algumas dicas simples podem auxiliar para evitar que este quadro se instale como cultivar amigos, praticar exercícios físicos, ter boa alimentação, evitar sentimentos que machucam, além de refletir sobre os valores que realmente importam para você.
Créditos: Joselene L. Alvim