Um mundo virtual, onde as pessoas podem interagir entre si da forma como quiserem, trabalhar, encontrar amigos e até comprar imóveis ou terrenos virtuais: o Metaverso já é realidade, inclusive para o mercado imobiliário.
Quando o Facebook anunciou o objetivo de se tornar uma “empresa de Metaverso”, em outubro de 2021, o termo ficou em alta no mundo da tecnologia. Esse conceito passou a fazer parte, também, da discussão entre aqueles que têm interesse em ser proprietários de imóveis e investir dentro do universo que integra o mundo virtual e real.
Ao g1, o delegado das regiões de Bauru (SP) e Marília (SP) do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP), Hederaldo Joel Benetti, de 62 anos, explicou que o mercado é atrativo aos investidores, já que o dinheiro investido pode ser recuperado futuramente quando houver valorização dos bens.
“Pela internet, hoje há muita procura pelo Metaverso. O universo facilitou a interação e procura pelos imóveis novos e lançamentos. Por exemplo, fica mais fácil passar a informação ao cliente, tanto aquele que é de outra localidade. O cliente tem a facilidade de visualizar o imóvel e são elaborados contratos digitais também”, confirmou.
Recibos também são virtuais, os chamados NFT, espécie de selo de autenticidade digital — Foto: Reprodução
Em relação aos contratos digitais, o delegado pontuou que, ao adquirir um produto ou serviço no Metaverso, os recibos também são virtuais, os chamados NFT, que significam “tokens não fungíveis”, em inglês, uma espécie de selo de autenticidade digital.
Ao invés de uma escritura, o cliente recebe o NFT, por exemplo, o token que possui o conjunto de direitos do imóvel em específico, na compra. Também é possível adquirir imóveis por meio da moeda digital.
No dia 2 de maio deste ano, de acordo com a criadora da coleção Bored Apes Yacht Club, a Yuga Labs, foram arrecadados US$ 320 milhões no leilão de terrenos virtuais em seu aguardado projeto de Metaverso, na maior oferta desse tipo.
Foram leiloados 55 mil lotes de terrenos virtuais no Otherside, o jogo no Metaverso que é a mais recente extensão da franquia Bored Ape. Os terrenos só podiam ser comprados na criptomoeda ApeCoin, mais uma taxa sobre a transação, cobrada em Ether. Cada terreno saiu por cerca de US$ 5.800.
“Lançamentos saem com um preço atrativo e causa interesse no setor imobiliário pela possibilidade de gerar negócio, facilidade de compra e menos custos operacionais”, garante.
Por outro lado, o delegado diz que há controvérsias. A principal delas se relaciona a uma bolha financeira, na qual um investimento não recomendado gera riscos de perder dinheiro. Como ainda é um ramo novo, ainda não há uma legislação, segundo o presidente, para compra e venda de imóveis virtuais, como uma “terra sem lei”.
“É preciso ter atenção porque, apesar de ser um processo de aquisição menos demorado do que no mundo real e físico, ainda há os perigos. Se o local escolhido começa a se desvalorizar, o valor dos imóveis despenca. Compras online têm seus riscos, como ataques hackers e pseudocorretores”, lembra.
O sócio de uma imobiliária de Botucatu (SP), Fernando Sartor, explicou ao g1 que, se comparado as capitais e aos grandes centros metropolitanos, conceitos como o do Metaverso têm um tempo maior para chegar até o interior.
“O Metaverso dentro do mercado imobiliário ainda está estudando possibilidades, atualizações e melhorias. Acreditamos que,assim que o metaverso possuir um conceito definido e estabelecido, a difusão pelo interior será ampla”, garante.
Ainda de acordo com o gerente, a imobiliária acredita nas possibilidades do digital e pensa que o online aproxima o cliente ao estabelecimento. Inclusive, estudam a adesão ao metaverso, a começar com o tour virtual pelos imóveis.