Uma audiência pública realizada neste mês de maio na Câmara dos Vereadores apresentou dados sobre os registros de gravidez entre crianças e adolescentes em Bauru (SP).
Segundo os dados computados pela Secretaria Municipal de Saúde, em Bauru, o total geral registrado de gravidez em crianças e adolescentes de 12 a 18 anos foi de 1.338, entre 2018 e 2021, sendo 387 em 2018, 332 em 2019, 333 em 2020 e 286 em 2021 (veja abaixo).
Dados sobre gravidez entre crianças e adolescentes, de 12 a 18 anos, em Bauru
IDADE | 2018 | 2019 | 2020 | 2021 | TOTAL GERAL | % |
12 | 1 | 1 | 2 | 0,15 | ||
13 | 4 | 3 | 9 | 2 | 18 | 1,35 |
14 | 17 | 17 | 19 | 7 | 60 | 4,48 |
15 | 42 | 28 | 36 | 36 | 142 | 10,61 |
16 | 76 | 67 | 65 | 59 | 267 | 19,96 |
17 | 103 | 88 | 94 | 78 | 363 | 27,13 |
18 | 144 | 129 | 109 | 104 | 486 | 36,32 |
TOTAL GERAL | 387 | 332 | 333 | 286 | 1338 | 100 |
Pela tabela é possível perceber que o público de 18 anos é o que apresenta a maior porcentagem de registros de gravidez, ou seja, 36,32% do total, com 486 casos confirmados de 2018 a 2021. Já a população de 14 anos registrou 60 casos no mesmo período, o que representou 4,48% do total.
Outra tabela com dados mostrou que o mês que mais registrou nascimentos de bebês de crianças e adolescentes é fevereiro, com 141 casos (10,5% do total) entre 2018 e 2021. Dezembro é o mês com menos casos, com 89, ou seja, 6,7% do total (veja abaixo).
Nascimentos de bebês de crianças e adolescentes entre 2018 e 2021 por mês
MÊS | TOTAL | % |
Janeiro | 113 | 8,4 |
Fevereiro | 141 | 10,5 |
Março | 131 | 9,8 |
Abril | 126 | 9,4 |
Maio | 119 | 8,9 |
Junho | 109 | 8,1 |
Julho | 110 | 8,2 |
Agosto | 111 | 8,3 |
Setembro | 99 | 7,4 |
Outubro | 97 | 7,2 |
Novembro | 93 | 7,0 |
Dezembro | 89 | 6,7 |
1.338 |
Segundo a vereadora Chiara Ranieri, que comandou a audiência, a justificativa é que as gestações ocorrem, principalmente, próximas as festas de fim de ano e carnaval. Já os nascimentos são registrados nos meses que datam próximos as férias escolares, de fevereiro à abril.
A médica Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do Programa Saúde do Adolescente da Secretaria de Estado da Saúde, participou da audiência pública e explicou a importância de medidas assertivas para evitar a gravidez precoce.
“A menina tem medo de não agradar e o menino tem medo de falhar na atividade sexual. Esses dois são os que mais precisam de informação. Eles não sabem usar a camisinha, não sabem a importância da proteção”, disse na audiência.
Além destes índices, a vereadora solicitou dados à Saúde sobre a incidência de gravidez por bairros. Segundo apresentado, a maior concentração está em bairros periféricos.
Dados sobre a incidência de gravidez por bairros mostram maior concentração em bairros periféricos — Foto: Secretaria Municipal de Saúde /Divulgação
O bairro Parque Jaraguá lidera com maior número de casos, sendo 88 no total: foram 28 em 2018, 17 em 2019, 23 em 2020 e 20 em 2021. A tabela segue com o bairro Pousada da Esperança e Parque Ediwirges. Apenas nestas três localidades ao norte e oeste de Bauru, o número é de 229 registros, 17,11% do total.
Apesar dos valores serem significativos, os dados indicam tendência de queda em 2021. Entretanto, dada a dimensão da problemática que envolve a gravidez precoce sem suporte, o diagnóstico mostra que políticas públicas são necessárias para frear ainda mais os registros.
A audiência abordou que os setores da ação pública “não se conversam sobre o tema”, o que pode dificultar ações permanentes e integradas de saúde e conscientização.
“Sem as ações integradas e dirigidas é ainda maior a distância em relação ao segundo e fundamental desafio: atuar com políticas públicas que consigam mergulhar no problema antes da ocorrência e depois que a gravidez é conhecida. Temos gerações desassistidas e a reunião ratificou que estamos muito longe de conseguir atender a este grave problema de saúde pública, educacional, cultural, social e econômico”, disse a vereadora.
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