Os cães, gatos, pássaros e até peixes são integrantes considerados comuns das famílias brasileiras. Mas em alguns lares, as serpentes têm ganhado cada vez mais espaço.
Vinícius Ferreira, de São José do Rio Preto (SP), já tinha um cão e um porco em casa, mas há um ano adquiriu a jiboia “Costelinha” em um criadouro de Betim, em Minas Gerais, que é legalizado pelo Ibama, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
“Meu primeiro contato [com uma cobra] foi quando eu estava no fundamental, teve uma apresentação com cobras. Então acabei querendo uma um dia”, conta Vinícius ao g1.
Jiboia é atração especial nas lives de Vinícius — Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com Vinícius, a jiboia se acostumou com a rotina da casa em pouco tempo. No dia a dia, “Costelinha” até o acompanha em lives.
Porém, o médico veterinário Eduardo Kfouri Pala, especializado em animais silvestres e exóticos, afirma que alguns cuidados precisam ser tomados antes de ter uma cobra em casa.
“A primeira questão é que a pessoa precisa saber sobre o ambiente onde essa cobra irá viver, com tamanho adequado, visto que esses animais crescem consideravelmente”, diz.
Jiboia “Costelinha” foi adotada por Vinicius há pouco mais de um ano — Foto: Arquivo Pessoal
Ele também explica que apenas espécies não-peçonhentas são permitidas para adoção, por exemplo a jiboia, a píton-real e a falsa coral, desde que elas sejam criadas em cativeiros legalizados. Também é necessário se atentar ao local onde o animal será criado.
“Cada espécie precisa de um lugar específico, dependendo da região onde a cobra veio. Por exemplo, caso seja uma jiboia que venha do cerrado, é preciso um ambiente mais árido. Se ela vem da mata atlântica, é preciso um lugar mais úmido, com mais matéria orgânica no terrário.”
Médico veterinário de Rio Preto é especializado em animais silvestres e exóticos — Foto: Arquivo Pessoal
Ainda de acordo com o veterinário, a alimentação das cobras, diferente de outros animais, é específica e não-diária. Geralmente, a dieta varia de acordo com o peso. No caso da “Costelinha”, a alimentação ocorre a cada 15 dias.
“É preciso oferecer animais abatidos, especificamente roedores. Existem locais e empresas especializadas. São biotérios credenciados e autorizados a vender alimentos para cobras. A presa vem abatida, congelada, embalada a vácuo, livre de problemas sanitários, ou qualquer tipo de doença”, explica.
Também é preciso ter paciência, pois as cobras ficam reclusas enquanto fazem a digestão, um processo que pode levar de 5 a 15 dias.
Além da “Costelinha”, Vinícius tem o “Lasanha”, um cachorro da raça pitbull, e o “Feijoada”, que é um mini-porco. Apesar de espécies totalmente diferentes, a relação entre todos os moradores da casa é bem tranquila.
Sobre esta relação, o veterinário explica que é sempre importante a cobra ter um local específico, mas que não há problemas que em algumas ocasiões ela esteja com outras espécies. Porém , alerta que é importante monitorar para evitar acidentes.
Costelinha tem boa relação com seus amigos Lasanha (cachorro) e Feijoada (porco) — Foto: Arquivo Pessoal
O veterinário orienta também sobre a importância de manter uma relação direta com um profissional especialista nestes animais para que tenha a condição de oferecer um manejo correto à cobra.
Além disso, alguns criadouros disponibilizam manuais com orientações sobre os cuidados com a serpente, como a alimentação, limpeza, manejo, troca de peles, entre outras questões.
Terrário onde a jiboia tem seu “descanso” — Foto: Arquivo Pessoal
*Sob supervisão de Heloísa Casonato
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