Busca por tratamentos para saúde mental dos pets cresce na pandemia: ‘Ansiedade e estresse’, diz veterinário | Mundo Pet


Além do começo do verão e das férias, janeiro, o primeiro mês do ano, é lembrado pela cor branca – o chamado “Janeiro Branco” – escolhida para alertar sobre a campanha relacionada às questões de saúde mental e emocional das pessoas e das instituições humanas.

Mas, não são só os humanos que precisam de atenção quando o assunto é saúde mental. Assim como nos tutores, as necessidades emocionais do animal de estimação são tão importantes quanto as fisiológicas.

Ao g1, o médico veterinário especializado em psiquiatria e psicologia animal de Bauru (SP), Felipe Gonçalves, de 37 anos, explicou que os bichinhos de estimação, sejam eles cães ou gatos, enfrentaram momentos caóticos relacionados à saúde mental desde o início da pandemia.

Isso porque, muitos profissionais se viram obrigados a aderir ao trabalho em casa, conhecido como home office, por conta da pandemia, decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2020. Mais próximos não só da família, os tutores estreitaram suas relações com os pets e aumentaram os momentos de convivência e interação que geraram certa dependência nos animais domésticos.

Porém, com o avanço da vacinação e a flexibilização das regras da pandemia, realidades nas cidades do centro-oeste paulista, foi possível a volta ao trabalho presencial de forma gradual. Com isso, muitos “amigos de quatro patas” desenvolveram carências emocionais com a separação.

“No primeiro momento, os pets não estavam acostumados com o tutor dentro de casa, o que gerou um estranhamento e dependência. A partir do segundo semestre de 2020, que o mercado já começou a voltar com os trabalhos presenciais, os tutores voltam para a rotina. É aí que o pet sofre com a separação”, diz.

Veterinário Felipe Gonçalves relata um aumento de 60% nos atendimentos para tratamento de saúde mental nos animais desde outubro de 2020 — Foto: Felipe Gonçalves /Arquivo Pessoal

Veterinário Felipe Gonçalves relata um aumento de 60% nos atendimentos para tratamento de saúde mental nos animais desde outubro de 2020 — Foto: Felipe Gonçalves /Arquivo Pessoal

Segundo o veterinário, se as mudanças bruscas acarretam alterações de humor também nos humanos, com os animais não poderia ser diferente. Por isso, ele relata um aumento nos atendimentos no consultório de 60%, desde outubro de 2020. Entre as principais ocorrências, Felipe destaca estresse e ansiedade, distúrbios que podem afetar a saúde do pet.

“Eu tive uma explosão de atendimentos de cães e gatos com ansiedade e estresse. Os tutores percebem pela manifestação da mudança no comportamento, desde mais moderados, com casos de agressividade, até os mais extremos com a automutilação”, comenta.

Ainda segundo Felipe, 90% dos tutores não estão acostumados ou não sabem perceber as mudanças comportamentais do pet, referentes a problemas de saúde mental. Isso porque, as dificuldades físicas são vistas com mais tranquilidade.

“As alterações de ordem mental são mais sutis, por isso essa leitura do tutor deve ser aprimorada. É fácil perceber quando o animalzinho manca ou está com febre. A comunicação deles é gestual, mas muito pouco auditiva”, afirma.

Para os tutores, Felipe recomenda que atentem-se aos sinais como lamber as patas em excesso, alteração de humor repentina, agressividade.

“Já recebi um paciente no consultório que quebrou a patinha no desespero de ter acesso à tutora”, lamenta.

Por ser uma especialização nova no mundo animal, o veterinário salienta que a maior parte dos tutores procura o adestramento, que, às vezes, não atende as questões relacionadas ao comportamento psiquiátrico do animal.

Pensando nisso, o médico criou um método que busca unir tanto a terapia, com técnicas do adestramento, quanto os medicamentos necessários. Segundo Felipe, dessa forma o animalzinho acelera a alta e mantém unidos os laços de tutor e pet.

Para garantir a saúde mental do bichinho, Felipe reforça que os tutores têm papel ativo nos procedimentos. Por isso, passeios, interações, brincadeiras, massagens corporais, carinho e o gasto de energia, no geral, fornecidos ao cão ou gato são essenciais.

“Cães e gatos são animais naturalmente sociáveis. Então, o contato com outras espécies, seres humanos ou com a própria natureza são fundamentais para contribuírem na saúde mental. O animal não é um bicho de pelúcia, ele tem necessidades de bem-estar e relacionamento”, finaliza.

*Sob supervisão de Paola Patriarca



Fonte: G1


27/01/2022 – Rádio Cidade FM

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