Não é raro encontrarmos relatos de assédio moral no trabalho. Quem já foi vítima deste terror psicológico conhece muito bem os estragos que isso trouxe para a vida profissional e pessoal. O problema, que ocorre muitas vezes, é que as vítimas demoram para perceber que as humilhações, inicialmente sutis e disfarçadas de brincadeirinhas, são uma forma de assédio moral.
Este tipo de violência não é um fenômeno recente nas relações de trabalho. Sempre existiu. Porém, nas últimas décadas, estudos sobre o tema revelaram o quanto o assédio moral afeta a integridade psicológica da vítima, demonstrando assim a necessidade de combater esta prática, que não pode ser considerada normal no ambiente de trabalho.
Embora a tecnologia facilite a obtenção de provas através de gravações ou filmagens, nem todos conseguem denunciar. A desestabilização emocional da vítima, que tem sua autoestima prejudicada, faz com que ela sofra em silêncio. Por isso, diante de tantas agressões psicológicas, é comum que a vítima tenha distúrbios emocionais como crises de ansiedade, de pânico, depressão, distúrbio do sono, dentre outros sintomas, além do sentimento de inutilidade e uma culpa equivocada que a leva a pedir demissão.
Claro que antes de tomar a decisão de denunciar o agressor, que pode ser um superior ou um colega de trabalho que ocupa o mesmo cargo que a vítima, é importante ressaltar que nem tudo no ambiente de trabalho deve ser caracterizado como assédio moral. É necessário uma análise de cada caso, pois alguma discussão pontual, resultante de um momento de estresse, pode ocorrer sem que isso caracterize uma ação abusiva.
O que configura o assédio são as sucessivas e frequentes condutas que provocam sofrimento à vítima e que podem se manifestar de diversas formas como intimidar, menosprezar, constrange-la perante outras pessoas, ameaçar, sabotar, espalhar boatos sobre a vida pessoal ou até mesmo limitar propositalmente o uso de ferramentas para otimizar o trabalho de maneira que prejudique seu desempenho.
Os prejuízos à vítima atingem todo seu entorno, o que inclui as relações interpessoais, a queda na produtividade e o interesse pelo trabalho. Em casos mais graves, os distúrbios emocionais podem levar ao suicídio. Infelizmente, muitas organizações só conseguem perceber um assediador a longo prazo, uma vez que, quando questionados, são muito hábeis e manipuladores.
De qualquer forma, uma empresa deve adotar medidas para coibir este tipo de violência através de políticas preventivas e programas de apoio à saúde mental. O ambiente de trabalho não deve ser um espaço de adoecimento e sim de crescimento, baseado no respeito das individualidades. Este é melhor caminho para que um trabalhador não seja envenenado por situações abusivas.
Joselene L. Alvim- psicóloga