Artista relembra trajetória e desafios nos mais de 10 anos como palhaça no interior de SP: 'Mercado difícil'


Elisabete Benetti Batista, de 62 anos, foi por muito tempo conhecida em Bauru (SP) com Palhaça Sorriso. Com 16 anos, artista teve a clareza de que a atuação poderia deixar de ser uma brincadeira para ser, de fato, uma profissão. Comemorado neste sábado (10), o Dia do Palhaço celebra a gargalhada, como um ato de fazer da fragilidade um espetáculo. Por muito tempo, essa foi a premissa de uma artista de Bauru (SP) que utilizou de vários mecanismos para fazer o que um palhaço sabe de melhor: levar alegria aos diversos públicos. Elisabete Benetti Batista, de 62 anos, foi por muito tempo conhecida em Bauru com Palhaça Sorriso. Ao g1, a artista explicou que o trabalho surgiu na sua vida como uma necessidade de sobrevivência. Junto com isso, veio a mudança de endereço com a família. “Se hoje o mercado de Bauru para artistas já é difícil, imagine há 32 anos. Então, tive que usar da minha criatividade e das possibilidades ao meu dispor para sobreviver. Foi assim que eu decidi ser palhaça, que leva o sorriso e a leveza nas comemorações de aniversário”, lembra. Elizabete também recorda que sempre teve o desejo de estar presente nos palcos. Com 16 anos, entrou para um grupo amador de São Paulo (SP). Foi ali que a artista teve a clareza de que a atuação poderia deixar de ser uma brincadeira para ser, de fato, uma profissão. “Sempre gostei de estar com as pessoas, de falar e brincar. Meus pais me estimularam muito, os nossos rituais são muito respeitados, como o Natal, Páscoa e as festas juninas. Uma família muito artista. Sempre estive nesse lugar da arte, foi uma carreira que se fez naturalmente, começou dentro da minha casa e reverberou”, pontua. Se por um lado a história da palhaçaria é contada pelo viés do circo, justamente porque é nesse espaço que a figura do palhaço se consolida, por outro também é possível contar essa trajetória tendo como base as aproximações com o teatro. Sobre estar no palco durante uma apresentação, Elizabete escolheu as palavras “gratificante” e “prazer” para explicar o sentimento. Como pedagoga, a artista defende o teatro no currículo escolar, por considerar uma experiência de autoconhecimento. “Na vida há belas mentiras, e no palco há toda a verdade. Você tem que conhecer profundamente a intenção, a dor e a alegria de um personagem, e isso traz uma compreensão de nós mesmos. O palco me aproxima do momento presente, é o ‘aqui’ e o ‘agora’, gostaria que todas as pessoas pudessem vivenciar o palco”, expõe. Elizabete ainda viveu, no início da carreira, a sorte de ser premiada como a melhor atriz do estado de São Paulo, logo no primeiro trabalho profissional, estreado na capital em 1984, cujo nome é “O dia em que o medo virou música”. A Palhaça Sorriso está, no momento, aposentada. Isso porque Elizabete conta que, em 2009, idealizou um projeto de arte-educação que se chama Gente Legal, que exigiu presença e tempo da artista. Em Bauru, desfrutou da oportunidade de apresentar a peça “A Lenda do Vale da Lua”, em 2013, uma história que fala sobre a importância da poesia. No palco, como arte-educadora, Elizabete levou 80 crianças de projetos sociais e da educação infantil para contracenar. “A lua não estava no céu, estava no nosso colo no palco naquele dia. Não houve um ‘senão’. Me emociono só de lembrar. O meu trabalho mais recente é com o Grupo Ato, no qual nós conseguimos contar a história de Bauru, desde os povos originários. O espetáculo finaliza com a história da ferrovia. Bauru é uma cidade que me acolheu e pude retribuir com esse esforço”, ressalta. Para ser palhaço é preciso ser artista. Sobre isso, Elizabete pontuou que acredita ser uma missão, um sacerdócio, porque, segundo ela, os atores e atrizes são sensíveis a tudo o que os cercam. Contudo, reitera, para aquelas que desejam ser palhaça, que se permitam. “Se permitam ser ridículas, se permitam ser puras, venha, brinque. O primeiro encontro da resolução dos conflitos sociais é a liberdade de expressão e de ser. Mas isso está distante de nós ainda. Ser artista é complicado pela falta de apoio, porque não se valoriza o que não se conhece. O Brasil está distante de artistas”, lamenta. Confira mais notícias do centro-oeste paulista Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília

Fonte: G1


10/12/2022 – Rádio Cidade FM

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