E é na cidade onde reside que ele aprendeu a transformar lixo em arte. No bosque “Dona Lucinha”, logo na entrada, quem visita é recepcionado por diversos bichos. De longe, parecem até reais. Zebra, leão, lobo, capivaras e até um dinossauro dá o ar da graça por lá. Todos eles feitos pelas mãos do Marcos.

“Eu sou autodidata, nunca sei responder como aprendi, simplesmente fui fazendo. Material eu me valia daquilo que eu conseguia. E o que eu tinha facilidade de conseguir? O que o povo descartava. Então, eu pegava lixo dos outros praticamente, literalmente, lixo. O povo descartava, eu pegava e transformava. Porque o lixo, a gente mudando o aspecto dele, 98% deixa de ser lixo. E eu comecei assim, pegava um pneu e passava a tinta e já não era mais um pneu jogado, era um lugar que podia plantar uma florzinha e ficar bonito”, falou o artista plástico.

Além da beleza, a história por trás de cada das obras de arte, ou melhor, por dentro de cada animal, impressiona. Todos eles foram feitos com garrafas pets, sacolinhas plásticas, restos de construção civil e concreto.

“A minha mensagem sempre vai ser: gente, vamos reciclar, vamos nos preocupar com o meio ambiente, que ainda há tempo. Eu tenho um projeto aqui que chama Pneu Arte, tem mais de 300 alunos, a gente vai ensinando as crianças. Ensina a fazer arte e ensina por que estamos fazendo arte com aquele material. Então, eu acho que o maior desafio é esse, conscientizar as pessoas [de] que, daquilo que elas descartam, 99% não é lixo, é matéria-prima e, quando descartar, descartar de maneira regular, certinho, não nas beiras de rodovias, igual estão fazendo”, aconselhou Marcos.

Em frente ao Recinto de Exposições da cidade, é possível ver uma representação do touro “Bandido”.

Para que a peça fosse feita, foram necessárias mais de 1,5 mil garrafas pets, ferro, concreto e tecido para dar o realismo da pele do animal. Até uma escadinha foi instalada para quem quiser subir no bicho e registrar o momento.

Mas é no ateliê de Marcos que a criatividade toma forma. São peças feitas com materiais descartados e que, no estúdio, se tornam verdadeiras obras de arte.

Como um cavalo, por exemplo, que tem cerca de 500 quilos e foi feito de pneus que o próprio artista recolheu das margens de córregos e estradas e em borracharias da cidade.

“Essa aqui eu demorei uns 90 dias, essa peça para fazer. Mas são 90 dias de puro prazer, viu. Cada pedacinho que você coloca é maravilhoso. Reciclar. O pneu não precisa virar só asfalto, não. Porque é muito pouco o que se recicla hoje para usar em asfalto. É possível fazer o que você quiser com pneu. Desde simplesmente passar uma tinta e colocar uma flor você já contribuiu com o meio ambiente e deixou o seu ambiente ainda mais bonito”, contou.

Em tem muito mais por lá. Um dragão feito com tecido de calça jeans, palito de churrasco, arame e até pano de prato. Uma peça que tem uma durabilidade gigantesca.

“É o que eu tento fazer. É um grito de ‘levanta, luta, vamos vencer’, a gente enfrentou essa pandemia e nada mais vai nos parar, nós vamos vencer tudo, a arte fala muito isso”, completou o artista plástico.