'Angústia e muita dor': 35 dias após a morte de brasileiro na Inglaterra, corpo é sepultado em Dracena, no interior de SP | Presidente Prudente e Região


O velório foi durante a manhã, com início por volta das 7h, no Memorial VidaPrev, em Dracena. O sepultamento foi realizado às 14h, no Cemitério Municipal.

Gaspareli tinha 32 anos e morava havia menos de um ano na Inglaterra, onde trabalhava como entregador. Na madrugada do dia 21 de novembro, ele foi encontrado morto na pensão onde residia.

Os familiares, que esperaram 35 dias para poderem se despedir de Gaspareli, puderam prestar suas últimas homenagens neste domingo (26). Inclusive, aqueles que eram mais próximos de João Rafael, usavam camisetas com uma foto dele estampada.

Corpo de brasileiro que morreu na Inglaterra é velado e sepultado em Dracena (SP) — Foto: Mariane Santos/TV Fronteira

Corpo de brasileiro que morreu na Inglaterra é velado e sepultado em Dracena (SP) — Foto: Mariane Santos/TV Fronteira

Um dia de muita dor, mas também de alívio para toda a família que sofreu com a espera do corpo.

“Hoje [o dia] é de dor por estar vendo ele assim. Uma coisa que a gente não esperava nunca, ver meu irmão dentro de um caixão, mas também de alívio, por ter conseguido trazer ele. Desde o começo a gente fez essa campanha para conseguir isso e hoje a gente conseguiu. Hoje ele está aqui, estamos fazendo o velório dele, missão cumprida. A sensação é de missão cumprida mesmo, para os meus pais principalmente”, desabafou Fabiana Gaspareli, irmã de João Rafael.

Em uma época em que a maioria das famílias está comemorando por conta do Natal, a de João Rafael seguiu na espera de sua chegada. Foram dias de muita angústia e sofrimento.

“35 dias de muita angústia mesmo, de muita dor, uma espera que não tem explicação para falar a sensação que a gente sentiu todos esses dias. A gente ficou junto, só falava nisso. A gente não se separou nenhum minuto, a gente só ficou junto até a chegada dele agora. Não teve Natal para a gente. A gente não fez nenhuma ceia, não fez almoço de Natal, a gente nem desejou feliz Natal um para o outro. Não teve isso pra gente”, contou.

Um velório e sepultamento dignos, esse era o maior desejo dos familiares e amigos.

Corpo de brasileiro que morreu na Inglaterra é velado e sepultado em Dracena (SP) — Foto: Mariane Santos/TV Fronteira

Corpo de brasileiro que morreu na Inglaterra é velado e sepultado em Dracena (SP) — Foto: Mariane Santos/TV Fronteira

“No começo a gente achou que não ia ter, não ia conseguir, mas com o passar dos dias foi vendo que ia dar certo, a gente confiou muito em Deus. Deus foi essencial. Ele colocou as mãos dEle e preparou cada detalhe de tudo e a gente conseguiu. Quero agradecer pela divulgação, foi muito bom, os jornalistas de Dracena, minha família, amigos dele, pessoas que a gente não conhece, todos que doaram de coração a gente vai ser eternamente grato, essas pessoas vão sempre estar nas minhas orações e também nas dos meus pais”, disse Fabiana.

“Ele era maravilhoso. Muito amoroso, carinhoso, cuidadoso. Eu amo ele demais, não tenho o que falar. Uma pessoa maravilhosa, excelente”, falou Ana Caroline Gaspareli, irmã gêmea de João Rafael.
Corpo de brasileiro que morreu na Inglaterra é velado e sepultado em Dracena (SP) — Foto: Mariane Santos/TV Fronteira

Corpo de brasileiro que morreu na Inglaterra é velado e sepultado em Dracena (SP) — Foto: Mariane Santos/TV Fronteira

Segundo Ana, eles tinham uma ligação muito forte.

“Eu não conseguia ficar separada dele, tudo o que eu tinha eu mandava foto para ele, conversava com ele bastante. Ele também conversava bastante comigo, sobre algumas coisas que ele via, ele mandava foto, eu também mandava foto de tudo. Desde quando nós éramos crianças, a gente não conseguia ficar separados, nossa ligação era muito forte mesmo”, relembrou.

Apesar da distância, ela em Mato Grosso do Sul (MS) e ele em Londres, na Inglaterra, o contato era diário, principalmente por mensagens e fotos, enviadas através do WhatsApp.

“Há 32 anos, essa é a primeira que eu me sinto ‘cadê ele’. Eu sempre tive alguém e agora eu não tenho mais”, lamentou Ana.

Agora, ficam as lembranças, a saudade e o amor por João Rafael.

Corpo de brasileiro que morreu na Inglaterra é velado e sepultado em Dracena (SP) — Foto: Mariane Santos/TV Fronteira

Corpo de brasileiro que morreu na Inglaterra é velado e sepultado em Dracena (SP) — Foto: Mariane Santos/TV Fronteira

“As mensagens que ele mandava, o amor dele, ele me chamando de ‘minha gêmea’, é tudo o que fica. Não tem nem explicação, não tenho nem o que falar, ninguém consegue imaginar, infelizmente não tem explicação. É um alivio por um lado, por conta da ansiedade pra em ver ele, e ao mesmo tempo uma tristeza gigantesca, imensa. A gente viu o quanto ele é amado, o quanto ele é querido e vimos Deus de perto abençoando cada detalhe dessa vinda dele”, pontuou.

Enquanto no Brasil a família sofria com a espera e a distância, Daniela Gaspareli, que mora na Suíça e é a irmã mais velha de João Rafael, viveu toda a dor de perto.

“Foi bem difícil, porque era aquela ansiedade de saber se ia conseguir, ou não ia, se ia dar certo ou não ia. Mas graças a Deus foi bem rápido, mais do que a gente esperava. Ele era muito querido. Lá ele fez muitas amizades. Foi difícil estar sozinha, mas tive amigos que estavam do meu lado, me senti acolhida”, relembrou.

Corpo de brasileiro que morreu na Inglaterra é velado e sepultado em Dracena (SP) — Foto: Mariane Santos/TV Fronteira

Corpo de brasileiro que morreu na Inglaterra é velado e sepultado em Dracena (SP) — Foto: Mariane Santos/TV Fronteira

O mais difícil foi lidar com a parte burocrática para trazer João Rafael de volta ao Brasil, segundo Daniela.

“Ele foi em busca de um sonho, estava feliz pq tinha arrumado um emprego, estava tudo certinho, e de repente aconteceu isso, um choque muito grande. Nunca imaginei. Mas hoje, meu sentimento é de que eu consegui trazer ele pra casa, para estar perto dos meus pais, das minhas irmãs, apesar de ser triste, ele está em casa”, disse.

De agora em diante, ela e toda a família têm apenas a ausência e viver com a saudade é a única forma de seguir em frente.

O drama da família Gaspareli, que mora em Dracena, começou no dia 21 de novembro, quando João Rafael morreu na Inglaterra e os parentes depararam-se com a situação de não ter os R$ 60 mil necessários para cobrir os gastos do traslado do corpo dele para o Brasil.

João Rafael era o único filho homem da família.

“Nós somos em quatro. Ele [João] é gêmeo com outra irmã, é o único filho homem e o meu pai e minha mãe perderam esse filho e está sendo muito difícil. Difícil sentimentalmente, difícil financeiramente”, contou Fabiana, uma das irmãs do entregador.

O desejo da família era de velar e enterrar o corpo de João Rafael em Dracena.

João Rafael Gaspareli tinha 32 anos e morreu em Londres, na Inglaterra — Foto: Cedida/Família

João Rafael Gaspareli tinha 32 anos e morreu em Londres, na Inglaterra — Foto: Cedida/Família

O valor de R$ 60 mil incluía despesas para o traslado e também as taxas pela permanência do corpo no necrotério de Londres, pois a quantia é cobrada por semana.

Em contato com a diplomacia brasileira, a família havia sido informada de que as despesas são de responsabilidade dos parentes.

Daniela Gaspareli, que é outra irmã de João Rafael e que também mora em Londres, contou que o consulado e a embaixada do Brasil na Inglaterra ajudaram na documentação de como a família deve proceder, mas não financeiramente.

O Palácio do Itamaraty, que representa o Ministério das Relações Exteriores, informou à TV Fronteira que o Consulado Geral do Brasil, em Londres, acompanhou o caso com atenção e prestou toda a assistência cabível.

O dinheiro que a família precisava para trazer o corpo de João Rafael veio através de doações. No dia 29 de novembro, uma das irmãs de Gaspareli postou em uma rede social uma mensagem de agradecimento às doações que a família recebeu para fazer o traslado do corpo da Inglaterra para o Brasil.

“Venho, através deste post, agradecer de coração, em nome da minha família, todas as doações que tivemos para trazer o corpo do meu irmão João Rafael Gaspareli, que faleceu em Londres. Não consigo aqui falar o nome de cada pessoa, empresa, que nos ajudaram, que fizeram suas doações. Peço a Deus que abençoe a todos. Já conseguimos o valor [de] que precisávamos para fazer o translado, então, venho aqui para falar que podemos parar com a campanha, com as doações”, disse Fabiana Gaspareli Mattos.
João Rafael Gaspareli tinha 32 anos e morreu em Londres, na Inglaterra — Foto: Cedida/Família

João Rafael Gaspareli tinha 32 anos e morreu em Londres, na Inglaterra — Foto: Cedida/Família

“Foi uma ação entre amigos muito linda e abençoada, eu acredito fielmente que Deus colocou sua mão para nos abençoar, e com tudo isso vimos que meu irmão era uma pessoa querida. Uma grande dor para nós, mas pelo menos vamos conseguir trazer para sepultar aqui. Agradeço aos amigos dele e a nossa família pelo empenho e companheirismo, Jeová esta vendo tudo isso”, prosseguiu a irmã de João Rafael.

“Obrigado, conseguimos o valor total de todos os gastos entre traslado, papeis, gastos com tudo que envolve a morte dele… Meus pais não têm palavras para agradecer, só que Deus cuide de cada um. Nosso muito obrigado a todos. Seremos eternamente gratos”, finalizou Fabiana.

A família precisou apelar às doações porque não dispunha do montante em dinheiro para cobrir as despesas da transferência do corpo para o Brasil.

João Rafael Gaspareli tinha 32 anos e morreu em Londres, na Inglaterra — Foto: Cedida/Família

João Rafael Gaspareli tinha 32 anos e morreu em Londres, na Inglaterra — Foto: Cedida/Família



Fonte: G1


26/12/2021 – Rádio Cidade FM

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