O acidente ocorreu no dia 8 de dezembro, mas a União Internacional Protetora dos Animais (UIPA) registrou um boletim de ocorrência no dia 13, denunciando o motorista do ônibus por não prestar socorro à cachorra, que recebeu o nome de “Letícia”.
De acordo com a UIPA, uma pessoa que passava pela rua presenciou o atropelamento e levou a cachorra até o Ambulatório Pet. Depois, a ONG foi acionada e Letícia foi socorrida às pressas para o Hospital Veterinário de Botucatu, com fraturas em duas vértebras da coluna.
Veterinário atende mais de 30 animais por semana, com sessões de acupuntura — Foto: Reynaldo Landgraf/Arquivo pessoal
Reynaldo Landgraf, médico veterinário, contou ao g1 que as sessões de acupuntura têm se tornado cada vez mais comuns nos animais e que os conceitos são parecidos com os utilizados no procedimento com humanos.
“Os equipamentos e as agulhas são semelhantes aos utilizados nas pessoas. A diferença está na anatomia de cada ser vivo. Basicamente, cada ponto (agulha) ajuda a estimular o sistema nervoso”, explicou Reynaldo.
No caso da Letícia, com as sessões de acupuntura, foi possível identificar algumas contrações musculares. Segundo o veterinário, esses pequenos sinais trazem esperança de recuperação parcial dos movimentos.
Reynaldo contou ainda que o tratamento também é eficaz no estímulo de fluxo sanguíneo, relaxamento e alívio de dores. Sendo assim, diversas espécies de animais podem ser beneficiadas pela acupuntura.
“Já realizei acupuntura em tarântulas, jabutis e até em uma píton. O número de sessões depende muito da necessidade do animal e cada uma delas dura em média 40 minutos”, revelou o veterinário, que há dez anos atua nessa especialidade.
Sessões de acupuntura têm se tornado comuns entre os animais — Foto: Reynaldo Landgraf/Arquivo pessoal
Ao g1, Reynaldo disse que sempre se familiarizou com a cultura chinesa, país onde foi criada a terapia com agulhas. No entanto, a paixão pela acupuntura surgiu depois que ele passou por algumas sessões.
Com alguns livros emprestados sobre o assunto, o interesse aumentou e o veterinário começou a investir em cursos voltados aos animais.
“Apesar de comprovado cientificamente, no começo as pessoas estranhavam a técnica em animais. Com o tempo fui apresentando para elas os benefícios. Hoje, por semana, atendo mais de 30 animais”, contou.
A UIPA registrou um boletim de ocorrência no dia 13 de dezembro, depois de receber a denúncia sobre o atropelamento da cachorra. Segundo moradores, o animal foi atropelado por um ônibus e o motorista não parou para prestar socorro.
Além de socorrer o animal e registrar o BO, a ONG também disse que entrou em contato com a empresa do ônibus que atropelou o animal, mas que o dono não quis arcar com as despesas do tratamento.
ONG denuncia motorista de ônibus por atropelar cachorra e fugir sem prestar socorro em Itapetininga (SP) — Foto: UIPA/Divulgação
Ainda segundo a ONG, não se sabe se a cachorra tem tutor ou morava na rua, mas ninguém entrou em contato para buscá-la.
Um boletim de ocorrência foi registrado por ato de abuso a animais e a Polícia Civil vai averiguar um possível “dolo eventual” por parte do motorista, que é quando alguém, embora sem intenção, assume o risco de produzir um resultado proibido pela lei.
Na cidade de São Paulo, foi sancionada em agosto uma lei que torna obrigatória a prestação de socorro a animais atropelados no município, por parte dos motoristas responsáveis pelos acidentes.
*Colaborou sob supervisão de Júlia Nunes.
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