À Justiça, pai acusado de torturar e matar o próprio filho bebê alega ser inocente e nega ter asfixiado, apertado ou beliscado a criança | Presidente Prudente e Região


O bebê, de apenas dois meses de vida, morreu em maio de 2021, ocasião em que os pais da criança – um homem, de 32 anos, e uma mulher, de 22 anos – foram presos em flagrante por suspeita de envolvimento na morte do próprio filho. A Justiça decretou a prisão preventiva do casal e posteriormente determinou o desmembramento do processo penal para que cada um dos réus passasse a encarar um procedimento específico e separado.

O Poder Judiciário já determinou que os pais sejam julgados pelo Tribunal do Júri, sob as acusações de tortura e homicídio.

À Justiça, a mãe do bebê negou a prática criminosa.

Interrogado em juízo, o homem disse que ele e sua companheira eram usuários de maconha na época dos fatos e que no período de maio de 2021 ambos consumiram drogas.

No dia em que seu filho quebrou o braço, o homem e sua companheira foram convidados a prestar esclarecimento na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) e no Conselho Tutelar.

Na delegacia, eles falaram que a criança estava no carrinho e, quando foram pegá-la, perceberam que o braço estava mole e que, quando a pegaram, ela sentiu dor.

O acusado disse que ele e a mulher ficaram com medo de falar a verdade, que cogitaram dizer que o bebê dormia com eles na mesma cama e que sua companheira teria rolado por cima do braço e ocasionado a lesão.

O réu esclareceu à Justiça que, na realidade, pegou seu bebê do carrinho e ele rolou de sua mão, escapou e bateu o braço no ferro do carrinho e fez a alavanca.

Segundo o depoimento, o Corpo de Bombeiros foi acionado, mas o acusado não falou a verdade. Os bombeiros encaminharam o bebê para o Hospital Regional (HR).

De acordo com o acusado, sua esposa informou que o bebê ficaria internado e eles conversaram por telefone.

A criança permaneceu durante cinco dias no hospital.

Quando o bebê teve alta, o homem foi orientado pelas enfermeiras sobre como enfaixar corretamente o braço de seu filho, segundo o depoimento.

Casal é réu pela acusação de torturar e matar o próprio filho bebê em Presidente Prudente (SP) — Foto: Emerson Sanchez/TV Fronteira

Casal é réu pela acusação de torturar e matar o próprio filho bebê em Presidente Prudente (SP) — Foto: Emerson Sanchez/TV Fronteira

O réu disse que, na madrugada do dia da morte, o bebê acordou chorando e ele levantou para pegá-lo, percebendo que estava saindo sangue da boca da criança.

Conforme o depoimento, o homem chamou sua companheira e os dois pensaram em fazer um procedimento para o filho melhorar, mas, caso não melhorasse, iriam levá-lo logo cedo para o hospital, “pois não eram médicos e sim pais preocupados”.

O acusado disse que abriu a boca da criança e colocou seu polegar direito e não viu sangramento nenhum na gengiva, e que acreditava que era por dentro.

Na sequência, o homem deu o bebê para sua companheira alimentar e colocaram um pouco de água na boca dele, momento em que o sangramento parou e o réu pediu para a mulher dar leite para a criança, de acordo com o depoimento.

O réu disse que ele e sua mulher não conseguiam dar leite para o bebê porque havia uma ferida, e que até tinham passado uma pomada no hospital, que ficava dois dias e sumia, mas que no dia dos fatos voltou.

Como a criança não conseguia mamar no peito da mãe, o casal fez uma chuquinha, colocou-a no colo e ela bebeu todo o leite.

Segundo o relato do pai, o bebê arrotou, foi colocado no berço e ele e sua mulher voltaram para a cama.

Quando acordou pela manhã, o homem disse que a mulher já tinha dado de mamar para o bebê e, a pedido dela, foi pegá-lo para fazê-lo arrotar. O acusado disse que a irmã da avó também estava na casa.

O pai relatou que levantou da cama, encostou na parede, pegou o filho e o colocou sentado em sua perna, enquanto sua companheira foi ver se já tinha café.

Na sequência, o homem informou à Justiça que a criança não estava se mexendo e que começou a gritar chamando a mulher. Ele acredita que sua companheira nem chegou a entrar na parte de baixo da casa da avó, subindo depois dela, sua irmã, a avó e uma tia.

Conforme o réu, sua avó disse para ele ir ao hospital correndo porque seu filho estava morrendo.

De acordo com o depoimento, o homem lembra de que, conforme as orientações do pré-natal, não poderia correr com o bebê nos braços e que correndo a caminho ao hospital não se lembrou disso. Alegou que soprava na boca de seu filho e tinha quase certeza de que ele estava desfalecido.

O homem informou que, depois da alta, sua companheira tinha feito o bebê arrotar e que deixou ele em cima do peito cochilando. Segundo o depoimento, o bebê rolou e caiu no chão, mas não chorou e, ao pegá-lo nos braços, ficou tranquilo.

O acusado disse que, devido aos seus antecedentes, ficou com receio de levar a criança para o hospital, assim como sua esposa também teve medo.

Segundo o relato do pai à Justiça, isso aconteceu dois dias após a alta e que a criança veio a falecer na sexta-feira.

Segundo o réu, ele e sua companheira não imaginaram que o braço esquerdo do bebê estava quebrado e que acredita que uma das vezes em que a criança dormia no meio do casal deve ter encostado.

O homem disse que na delegacia relatou que teve medo novamente, que seu filho tinha dormido no meio da cama entre o casal e que sua mulher teria rolado no braço dele. O acusado alegou na Delegacia de Defesa da Mulher que apenas comentou que viu o bebê chorando e que só teria batido o braço no carrinho, que estavam com medo. Sobre seu medo, o réu disse que não contou porque estava preocupado de agravar sua situação pelo fato de ser homem.

O acusado relatou à Justiça que está diante de uma situação agora que envolve sua vida e a de sua companheira.

Caso foi registrado no Jardim Morada do Sol, em Presidente Prudente (SP) — Foto: João Martins/TV Fronteira

Caso foi registrado no Jardim Morada do Sol, em Presidente Prudente (SP) — Foto: João Martins/TV Fronteira

Em relação às marcas no bebê, o pai disse que não as tinha visto por estar enfaixado, acreditando que foram ocasionadas quando o pegavam.

O homem afirmou que viu os laudos, mas que tanto ele como sua mulher não acreditavam que seu filho estava naquela condição.

No depoimento, o pai negou ter asfixiado, apertado ou beliscado seu filho.

Ele informou que utilizou maconha no dia anterior ao da morte da criança, mas negou ter usado no dia do óbito.

O homem relatou à Justiça que teve passagem pela polícia pelos crimes de furto, tráfico de drogas e associação ao tráfico.

Ainda no depoimento, o acusado disse que o braço esquerdo da criança tinha machucado e que enfaixaram porque estava mole.

O réu afirmou que mentiu na delegacia porque falou que o braço esquerdo não tinha quebrado. Alegou ainda que ele e sua mulher só enfaixaram o braço porque estava mole e que preferiu deixar enfaixado para a criança não ficar mexendo.

Conforme o depoimento , no dia da morte, o homem disse na delegacia que raspou a cabeça do bebê na parede, que não foi uma batida e que ocorreu na parte da manhã no momento que o pessoal da casa subiu.

Ele confessou que estava desnorteado quando respondeu aos questionamentos na delegacia.

No interrogatório, o acusado informou que seu filho chorava bastante e que quando deu de mamar ele parava de chorar. Relatou ainda que a vizinha disse a ele que o bebê chorava muito.

O pai negou ter realizado sufocação na criança.

Em relação aos múltiplos traumatismos e sangramento dentro da cavidade cerebral da criança, o acusado disse que acredita que foi em virtude da queda.

Ele afirmou que teve relação sexual com sua esposa e filmou, dias anteriores ao óbito do bebê, mas nega que ela estava drogada ou dopada.

O acusado relatou ainda que quando estava preso em São José do Rio Preto (SP) conheceu uma moça, entretanto, disse que nunca teve problemas com os três filhos dela e nunca chegou a vê-los.

Segundo o réu, nunca teve agressão com outras ex-namoradas. Ele disse que nunca levantou o braço ou vice-versa para sua esposa.

Sobre o momento em que a criança caiu do colo de sua esposa quando estava deitada no sofá, o homem disse que a queda foi de uma altura de 40 centímetros, mas como o bebê estava sobre sua companheira ele acredita que a altura foi de 60 centímetros.

O acusado negou ter presenciado partes da criança embaixo do casal por colocarem ela para dormir entre eles na cama. O homem disse que dormia no canto da parede e sua esposa do lado do carrinho. Ele ainda relatou que escutou a criança chorando e viu que sua mulher estava cochilando, sendo que o menino havia largado o peito, momento em que informou e orientou sua esposa a não dormir porque o bebê iria engasgar.

No fim de seu depoimento à Justiça, o acusado disse que tanto ele como sua esposa são inocentes.



Fonte: G1


19/03/2022 – Rádio Cidade FM

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