

De acordo com o pedido do delegado Valdir Alves de Oliveira, o frei estaria dificultando as investigações. No documento, o delegado afirma que o padre informou um novo endereço em São Paulo e os policiais se prontificaram em ouvi-lo, no entanto, ele ainda não se encontra nesse novo local.
“O investigado turba a investigação, fazendo a equipe policial se deslocar para outra cidade a seu pedido, enquanto fornece endereço nos autos, onde essa autoridade policial se prontificou a notifica-lo e ouvi-lo em São Paulo (já que o mesmo divulga notas de que está à disposição para esclarecimentos), mas onde o seu defensor informou que ele ainda não pode ser encontrado no local”, diz o delegado no pedido encaminhado à Justiça.
O pedido ainda será analisado pelo juiz da Vara Criminal do Fórum de Santa Cruz do Rio Pardo.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/X/J/ebBzEuS0iBJGfPpJUUZg/padre-motorista.jpg)
Motorista que atropelou suspeito de furtar igreja em Santa Cruz do Rio Pardo (SP) foi identificado como sendo o frei Gustavo Trindade dos Santos — Foto: Reprodução
Na última terça-feira (10), a Justiça negou o primeiro pedido de prisão feito pela polícia. Ministério Público havia recomendado o indeferimento do pedido no mesmo dia.
O juiz Pedro de Castro e Sousa negou o pedido de prisão com o argumento de que, embora haja gravidade na conduta, a Justiça entende que o frei não oferece risco, e que os advogados estão colaborando com as investigações.
“Não há indícios de possível reiteração delitiva ou de que o investigado se furtará a aplicação da lei penal, sendo possível a sua manutenção em liberdade neste momento, com o consequente indeferimento do pleito policial”, explicou o juiz.
No entanto, o juiz concedeu a quebra de sigilo dos dados telefônicos, considerando que, até o momento, o investigado não se apresentou à polícia para ser ouvido.
A decisão da Justiça determina que as empresas de telefonia forneçam os históricos de chamadas telefônicas, com todas as ligações e mensagens, efetuadas e recebidas, entre 7 de maio de 2022 e 9 de maio do mesmo ano.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/3/d/e0dab5SN6LGI6QPwoyyw/furto-igreja-santa-cruz-do-rio-pardo.jpeg)
Casa paroquial da Igreja São Sebastião, em Santa Cruz do Rio Pardo (SP), foi furtada; suspeito foi atropelado por padre — Foto: Thais Andrioli/TV TEM
Além do novo pedido de prisão, a defesa do frei solicitou que o processo fosse colocado em segredo de Justiça. Esse pedido também será analisado.
No entanto, o Ministério Público já recomendou o indeferimento desse pedido com base no princípio da publicidade dos atos processuais.
No pedido, os advogados de Gustavo, César Augusto Moreira e Rafael Rosário Ponce, alegam que já foi determinada a quebra do sigilo telefônico do religioso e que diante do apelo midiático do caso, a decretação do segredo de justiça seria para preservar “a intimidade do investigado nos limites do que interessa ao elucidar dos fatos”, dizem no documento.

Suspeito de furtar igreja é atropelado quando fugia em Santa Cruz do Rio Pardo
Segundo o boletim de ocorrência, o homem atropelado furtou a casa paroquial da Igreja São Sebastião arrombando uma das janelas. Ele fugiu do local levando três moletons e uma camiseta.
Os policiais militares foram chamados por testemunhas, que anotaram a placa do veículo. Pelas imagens dá para ver que o carro chega a entrar na garagem da loja de tintas (veja acima).
Ângelo foi socorrido com ferimentos graves e levado para a Santa Casa de Misericórdia de Santa Cruz do Rio Pardo, onde passou por cirurgia, e permanece internado em estado grave na UTI.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/8/o/LdNOPUTeOqXLyxQYBrqA/local-do-acidente-tv-tem-reproducao.jpeg)
Portão de loja em Santa Cruz do Rio Pardo (SP) onde suspeito de furtar igreja foi atropelado por padre ficou danificado — Foto: TV TEM/Reprodução
O caso é investigado como tentativa de homicídio qualificado e omissão de socorro, uma vez que o padre fugiu do local sem socorrer a vítima.
A polícia também apura o furto na secretaria paroquial, que teria motivado a atitude do padre. Por esse crime, Ângelo foi preso em flagrante no dia do atropelamento, mas irá ser investigado em liberdade por furto qualificado.
O carro da Diocese usado pelo padre no dia do atropelamento foi localizado na segunda-feira (9) no estacionamento do Colégio Dominicano e encaminhado para a perícia. A localização foi fornecida por um dos três advogados do frei que se apresentaram na delegacia no mesmo dia. O carro foi encontrado com a frente a a lateral bastante danificada.
Em nota divulgada na última terça-feira (10), a diocese informou que o frei Gustavo “foi afastado de suas funções religiosas e se encontra disponível para livremente cooperar com a Justiça”. Ainda conforme a igreja, o padre está arrependido pelo ato e pede orações pela saúde do homem atropelado.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/Y/Q/UIkI0tQa62fxl5KQtUAw/whatsapp-image-2022-05-10-at-21.28.45.jpeg)
Carro usado pelo padre no atropelamento foi apreendido em Santa Cruz do Rio Pardo — Foto: Polícia Civil/Divulgação
De acordo com a polícia, o frei Gustavo é habilitado, mas deveria ter renovado a carteira de habilitação em fevereiro de 2020. No entanto, o padre deve, a princípio, responder apenas administrativamente pela CNH junto ao Detran. A defesa alega que ele agiu em legítima defesa da propriedade da igreja.
O caso repercutiu nas redes sociais e o padre Júlio Lancellotti, conhecido por ações para ajudar pessoas em situação de rua na capital paulista, criticou a atitude do religioso no interior de São Paulo.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/8/g/aJXyRvREiv4i4aaDGEBw/atropla-padre.jpg)
Padre Julio Lancellotti postou o vídeo do acidente e criticou o atropelamento provocado por um padre em Santa Cruz do Rio Pardo — Foto: Padre Lulio Lancellotti/Instagram/Reprodução








